Ao g1, a mãe relatou os últimos momentos com a filha e também a visita durante três dias seguidos ao hospital, a realização de exames e a falta de diagnóstico. A criança morreu na madrugada do dia 29 de abril e o caso segue em investigação. Vídeo feito por Letícia pouco antes de Maria Hellena morrer em MS
Maria Hellena Lopes Gomes, de nove meses, morreu após tomar injeção durante uma internação no Hospital da Santa Casa, em Paranaíba (MS). Ao g1, a mãe da criança, Letícia Lopes, relatou que a filha passou por uma série de atendimentos e exames e não recebeu um diagnóstico. O caso segue em investigação pela Polícia Civil do município.
Em nota, o diretor clínico do hospital Pedro Eurico, informou que a criança foi atendida e evoluiu para óbito. Em relação a troca de medicação, foi informado de que ela teria alergia a dipirona, porém, ela foi ao hospital cinco vezes em dias anteriores, com um quadro de febre que foi controlado todas as vezes com dipirona.
"A conduta do hospital é aguardar o trabalho do Instituto Médico Legal, que está sendo feito por determinação de um delegado de polícia em um inquérito", afirmou o médico. Confira no fim da matéria a nota na íntegra.
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Conforme a mãe da criança, Maria Hellena tomou duas vacinas no dia 22 de abril, uma pela idade de 9 meses e outra da gripe. No dia seguinte, a criança apresentou um quadro febril e foi levada ao hospital, onde realizou um exame de sangue e um raio-x, que não tiveram alterações.
Letícia relatou que o mesmo aconteceu nos outros dois dias, 23 e 24, quando a criança passou por um novo hemograma e também exames de vitaminas, que não apresentaram nenhum resultado diferente do esperado.
"Quando foi no dia 28 pra 29 ela amanheceu bem febril. Estava com 38.2. Fui trabalhar, pois eu não podia mais faltar, e quando cheguei, por volta de 13h ela estava com febre ainda [...] Levei ela na Santa Casa, na triagem colocaram pulseira amarela e levaram ela pra dentro", relata a mãe.
A primeira médica a avaliar a criança receitou dipirona e bromoprida, além de solicitar um novo raio-x, que novamente não apresentou nenhuma alteração.
"Por volta das 18h30 trocou o plantão. A Dra. Francesca me chamou, disse 'ela não tem nada'. Falou que não tinha exame alterado, nem de urina nem nada, mas que ia pedir pra internar e no dia seguinte a primeira médica daria uma olhadinha", explicou.
Letícia relata que foi por volta de 21h que as coisas começaram a mudar. Ela foi com a filha até a ala de internação, deu-lhe banho e logo depois uma enfermeira chegou para medicar a criança com dipirona.
"Na hora da aplicação da injeção a Maria Hellena não estava com febre, ela estava bem. No finalzinho da medicação minha filha olhou para o lado esquerdo, saiu uma lágrima do olho dela e ela teve uma parada cardíaca".
Ao g1, Letícia relatou que pegou a filha no colo e percebeu que ela já estava roxa. Em seguida, a enfermeira tomou a menina nos braços e pediu que a mãe fosse buscar ajuda.
"Eu saí correndo pedindo socorro. Saiu um monte de enfermeiro. A enfermeira-chefe pegou ela de bruços como se ela tivesse engasgando e correu com ela pra ala vermelha. A gente ficou uma hora e vinte, quando a médica me chamou e disse que a Maria Hellena tinha sofrido uma parada cardíaca. A médica disse que a equipe passou 40 minutos fazendo manobra para ela voltar, mas ela não resistiu", relatou a mãe.
Letícia finaliza contando que foram pouco mais de 10h da entrada no hospital até a noticia da morte. "Ali parece que o meu chão acabou. Comecei a chorar, comecei a gritar e eu implorava para que aquilo fosse mentira, aquilo não poderia estar acontecendo. Quando entrei na ala vermelha vi a Maria deitada num maca dessas de alumínio, enrolada num lençol branco e coberta por um pano preto".
Investigação policial
O g1 teve acesso a certidão de óbito da bebê, que aponta como causa da morte insuficiência respiratória e pneumopatia. No entanto, a família alega que nenhum dos exames realizados na criança indicava qualquer anormalidade.
"Tenho todos os exames de sangue e raio-X, e os médicos afirmaram que Maria Hellena não tinha nada. Uma perita disse que não foi feito exame toxicológico porque no Mato Grosso do Sul isso não é realizado. Ela me informou que abriu minha filha e retirou um fragmento para análise. E ninguém do hospital nos deu uma explicação ou mesmo entregou o prontuário médico", afirmou.
Maria Hellena foi velada e enterrada na quarta-feira (30). A família ainda aguarda a conclusão da investigação policial.
Nota do hospital
"A criança foi atendida e evoluiu para óbito. O corpo foi encaminhado ao IML por ser uma morte de causa suspeita, não natural, não esperada. A legista que realizou o procedimento necroscópico encontrou alterações na criança envolvendo a parte respiratória.
Fragmentos foram retirados para serem encaminhados ao IML de Campo Grande, para que seja feita análise de qual patologia pulmonar ocorreu. Em relação à troca de medicação, foi informado de que ela teria alergia a diirona, porém a criança foi por cinco vezes ao hospital em dias anteriores, com o quadro de febre, que sempre foi controlada na emergência do hospital com dipirona.
A conduta do hospital é aguardar o trabalho do Instituto Médico Legal, que está sendo feito por determinação de um delegado de polícia em um inquérito. Não temos nada mais a colocar do que aquilo que aconteceu no dia. Agora nós dependemos destes exames para que possa ser esclarecida a causa do óbito."
Maria Hellena tinha nove meses quando morreu, em abril de 2025. Caso é investigado
Arquivo pessoal
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