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Cheia no AM deixa 13 municípios em situação de emergência e afeta 144 mil pessoas


Cheias dos rios devem seguir impactando o Amazonas até, pelo menos, junho, segundo previsão do comitê estadual. BR-230 é encoberta pelo Rio Madeira

A cheia dos rios no Amazonas já colocou 13 municípios em situação de emergência, segundo o boletim mais recente da Defesa Civil, divulgado nesta terça-feira (29). Ao todo, 144 mil pessoas foram impactadas.

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O cenário ainda deve se prolongar. De acordo com o Comitê Permanente de Enfrentamento a Eventos Climáticos e Ambientais, as nove calhas dos rios amazonenses continuam em processo de cheia até, pelo menos, o mês de junho.

Confira a lista dos 13 municípios que estão em situação de emergência:

Humaitá - Rio Madeira

Apuí - Rio Madeira

Manicoré - Rio Madeira

Boca do Acre - Rio Purus

Guajará - Rio Juruá

Ipixuna - Rio Juruá

Novo Aripuanã - Rio Madeira

Benjamin Constant - Rio Solimões

Borba - Rio Madeira

Tonantins - Rio Amazonas

Itamarati - Rio Juruá

Eirunepé - Rio Juruá

Atalaia do Norte - Rio Solimões

Além dos municípios em emergência:

36 estão em estado de atenção,

13 em alerta,

e nenhum em normalidade.

🌧️ Segundo o meteorologista e pesquisador Leonardo Vergasta, dois fenômenos explicam o aumento no volume dos rios em comparação a 2024:

O Inverno Amazônico, que traz chuvas acima da média para a Região Norte e deve durar até o fim de maio.

O La Niña, que chegou ao fim em abril, mas deixou consequências.

“No início de 2025, tivemos a atuação do La Niña, que resfria as águas do Pacífico Equatorial. Isso aumenta a intensidade das chuvas na região. Como coincidiu com nosso período chuvoso, desde fevereiro, toda a bacia amazônica registrou volumes de chuva acima do normal”, explicou o pesquisador.

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Águas do Rio Madeira encobrem Transamazônica

Águas do Rio Madeira encobrem rodovia Transamazônica, no Amazonas, e afeta moradores.

Rede Amazônica

A Transamazônica desapareceu sob as águas do Rio Madeira, durante o período de cheia. Vinte quilômetros da rodovia estão submersos. A BR-230 é a única via terrestre que dá acesso de Humaitá à cidade de Apuí e ao distrito de Santo Antônio do Matupi, em Manicoré, todos em situação de emergência.

O ônibus que faz o trajeto entre as Humaitá e Apuí deixa os passageiros até o local onde é possível trafegar, mas para seguir viagem até o outro lado da rodovia, só através de uma pequena embarcação.

A espera chega a até 3 horas e sai lotada, sem segurança e sem colete salva vidas. Cada passageiro ainda precisa desembolsar R$ 100 por um trecho de uma hora e meia e o caminho é feito no meio da floresta alagada.

Além das despesas com ônibus, a dona de casa Adriana Carneiro, pagou R$ 180 para levar os dois filhos para a escola, no município de Humaitá.

"R$ 180 reais só pra ir, pra voltar mais R$ 180. Isso se não tiver que pagar bagagem, porque às vezes passa do limite. Aqui não teve, não teve ajuda de ninguém até o momento", disse a dona de casa durante o trajeto.

Os reflexos da cheia já impactam o comércio em Apuí e no distrito de Santo Antônio do Matupi, segundo o comerciante Gildásio da Silva Filho.

"Hoje estamos enfrentando problemas. A gasolina aumentou R$ 0,30, R$ 0,40. Para nós, isso é muito. O gás, que custava R$ 120, teve um acréscimo de R$ 25 a R$ 30 por botijão. Não é que estão se aproveitando da situação, é o frete que está caro", relatou.

Com a estrada submersa, caminhões e carretas precisaram mudar a rota. Agora, os veículos param em um porto particular em Humaitá e seguem até Apuí por balsas alugadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).

O trajeto, que antes levava cerca de 12 horas pela Transamazônica, passou a durar, em média, quatro dias, navegando pelos rios Madeira e Aripuanã até a comunidade da Prainha — de onde a carga finalmente segue viagem por terra.

A cheia do Rio Madeira afeta ao menos dez cidades do Amazonas. O município de Humaitá é um dos mais impactados pelo alto nível do rio, e nesta quarta-feira atingiu a cota de 23,44 metros, e se aproxima da cota histórica de 25,63 metros.

🔴 Cota máxima registrada (2014): 25,63m

⚪ Cota de alerta: 15,00m

Na zona rural de Humaitá, a cheia está devastando plantações e afetando a rotina escolar. De acordo com a Defesa Civil, cerca de 16 mil pessoas já foram afetadas pela cheia do rio.

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