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Codeputada do Movimento Pretas relata abordagem racista de GCMs dentro da Câmara Municipal de SP


Codeputada relata abordagem racista de GCMs no acesso à Câmara de SP

Codeputada do Movimento Pretas relatou nas redes sociais ter sido vítima de racismo por agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) dentro da Câmara Municipal de São Paulo, na tarde desta segunda-feira (4).

Ela contou estar visitando o gabinete da vereadora Luana Alves (PSOL) na Casa quando saiu para fumar na área externa do prédio.

Ao retornar, foi abordada por guardas que tentaram impedir sua entrada, exigindo que passasse novamente pelo detector de metais — mesmo já estando identificada, sem ter saído efetivamente da Casa e sem portar nenhum objeto novo.

“Eu estava apenas com o celular e o cigarro na mão. O guarda já tinha me olhado com uma cara torta, falado comigo de uma forma grosseira, que eu não gostei. E até por isso eu me recusei [a passar novamente pelo dispositivo]. “

No vídeo é possível ouvir o GCM que a abordou dizendo que ela deveria voltar e passar pelo detector. "A senhora, como deputada, deveria voltar. Da mesma forma que na Alesp tem [regras], na Câmara também tem."

Em nota, a Câmara Municipal de São Paulo informou que está previsto em Ato da Mesa Diretora que todo visitante que frequenta o Palácio Anchieta precisa passar novamente pelo detector de metais quando retorna à Casa (leia abaixo a íntegra).

Segundo o relato, ela recusou a ordem, mas ainda assim foi seguida até o gabinete. Ana Laura afirma que se identificou, mas que a abordagem só mudou quando uma colega branca interveio.

“Estava identificada e já havia passado pelo detector. Mesmo assim, fui tratada como suspeita — como se não tivesse dignidade. Se eu fosse branca, isso teria acontecido? Não”, disse.

Entretanto, a codeputada afirma que já frequentou o local e nunca passou por esse tipo de abordagem. "Então esse protocolo deles se iniciou por agora, porque não era assim. Eu já frequentava a Câmara desde que a vereadora Luana foi eleita e tem gabinete lá. Já fui diversas vezes fumar e voltei na tranquilidade.”

Ela também relatou ter se sentido constrangida. "Além disso, ele gerou todo um constrangimento ali na Câmara comigo, porque todo mundo parou para olhar o que estava acontecendo. Travou a porta do elevador para eu não subir, ficou debatendo comigo na porta do elevador. Uma mulher branca que estava dentro do elevador falou que eu estava atrapalhando o fluxo.”

Para Ana Laura, a postura da Câmara ainda é insuficiente. "Eu acho que a postura da Câmara, apesar de ter cassado pela primeira vez o mandato de um vereador racista, não vem tendo, de fato, uma postura de combate em todos os seus âmbitos.”

A codeputada afirmou ter enviado um ofício à Câmara questionando a ocorrência. "Conversando com a vereadora Luana, ela vai pensar um protocolo para combater esse tipo de situação, porque agora a tendência com os detectores de metais é que o constrangimento possa acontecer com outras pessoas.”

O que diz a Câmara Municipal?

Plenário da Câmara Municipal de SP

Reprodução/YouTube

"Conforme prevê Ato da Mesa Diretora, todo visitante que frequenta o Palácio Anchieta precisa passar pelo detector de metais no acesso à Casa.

Na hipótese de qualquer visitante precisar sair do prédio para fumar em área externa, já que não é permitido fumar dentro do Palácio Anchieta, é preciso passar novamente pelo detector ao retornar para o edifício. A regra vale para todos os visitantes.

A Câmara Municipal de São Paulo é extremamente rigorosa no combate ao racismo, tanto que foi a primeira a cassar um vereador por racismo no país."

*Sob supervisão de Paula Lago

Entenda a diferença entre racismo e injúria racial

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