Além do ex-coordenador do Consórcio Guaicurus, João Rezende, a sessão também ouviu o atual diretor jurídico e administrativo, Leonardo Dias Marcello. Ex-coordenador do Consórcio Guaicurus, João Rezende, chorou durante a sessão
José Aparecido/TV Morena
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura possíveis irregularidades no transporte coletivo operado pelo Consórcio Guaicurus, em Campo Grande (MS), teve tumulto durante a sessão realizada nesta segunda-feira (16). A audiência durou mais de quatro horas.
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Foram ouvidos o ex-coordenador do consórcio, João Rezende, e o atual diretor jurídico e administrativo, Leonardo Dias Marcello.
Durante o depoimento, João Rezende se recusou a responder algumas perguntas e, em determinado momento, optou pelo silêncio, evitando comentar sobre temas como a falta de investimentos na melhoria da frota entre 2012 e 2019 — período em que o consórcio operava com equilíbrio financeiro, segundo os vereadores.
Atualmente, cerca de 100 ônibus com idade acima da prevista em contrato circulam na capital, o que foi um dos principais questionamentos feitos pelos parlamentares.
Após permanecer em silêncio por alguns minutos, João retomou a fala, e explicou o motivo pelo qual o consórcio não tem feito investimentos, e disse que a prefeitura não cumpre o contrato feito.
Durante o depoimento, ele responsabilizou o município pela ausência de melhorias no sistema, afirmando que a prefeitura descumpria os prazos e valores acordados em contrato. No entanto, ao final, reconheceu que o consórcio também não cumpriu integralmente sua parte.
"A prefeitura não deu nenhuma tarifa desde 2013 na data contratada, nenhuma tarifa foi decretada no dia contratado. Várias foram estabelecidas em valores inferiores. Essa é uma das razões. No sétimo ano, a prefeitura não fez o equilibrio economico-financeiro", afirmou João.
No final do depoimento, ao ser questionado sobre como melhorar o diálogo entre a prefeitura e o consórcio, João Rezende chorou e foi consolado pelo filho.
Rezende presidiu o Consórcio Guaicurus desde o início do contrato, em 2012, até o início deste ano. Foi acionista com 2% de participação e, segundo ele, deixou a presidência e vendeu sua parte na empresa. Apesar disso, ainda integra a diretoria do consórcio.
O segundo depoimento foi de Leonardo Dias Marcello, atual diretor jurídico e administrativo do consórcio. Ele reforçou que o poder público não cumpre o contrato desde sua assinatura, o que, segundo ele, inviabiliza qualquer cobrança por parte do município. Ele afirmou ainda, que a situação piorou depois de 2019 e explicou o porquê da falta de investimentos.
"Até 2019, por mais que não fosse a projeção que foi idealizada na licitação, existia um número suficiente de passageiros que garantia uma remuneração mínima, e essa remuneração era suficiente a se reinvestir no sistema, coisa que hoje nao é possivel, por conta especialmente do pós-pandemia. Em 2024, fechamos com 37 milhões de passageiros transportados."
O g1 procurou a prefeitura sobre os apontamentos do consórcio, mas, até o momento, não teve retorno.
A próxima sessão da CPI será na quarta-feira (18), com o atual presidente do Consórcio Guaicurus, Themis de Oliveira, e o sócio-proprietário Paulo Constantino.
Foram ouvidos o ex-coordenador do consórcio e o atual diretor jurídico e administrativo.
José Aparecido/TV Morena
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