A criação do banco é considerada urgente por promotora de Justiça especialista no assunto. Reportagem do g1 mostrou que país tem mais de 5 mil procurados por estupro de vulnerável, 3 mil deles já condenados. 'Segurança exige investimento e exige gente', diz secretário de Segurança Pública
Jovem denunciou o ex-chefe por estupro
Samantha Rufino/g1 RR
Previsto em leis sancionadas por Jair Bolsonaro (PL) em 2020 e Lula (PT) em 2024, o cadastro nacional de estupradores não saiu do papel – e ainda não há previsão de quando isso vai acontecer, segundo o Ministério da Justiça.
🔍Uma reportagem do g1 mostrou que o Brasil tem mais de 5 mil procurados por estupro de vulnerável. Desses, 3 mil já foram condenados. Em média, os mandados estão há 3 anos e 10 meses.
🔍Em outras reportagens, o g1 mostrou que condenados por estupro de vulnerável se candidataram às eleições de 2024 mesmo sendo alvos de mandados em aberto, e que um vigilante da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) também procurado seguia trabalhando normalmente. Todos foram presos após a publicação das reportagens.
🔍Para a promotora de Justiça do Ministério Público de São Paulo Valéria Scarance, especialista na investigação de crimes sexuais, a criação de um cadastro nacional de estupradores é uma "necessidade urgente".
"A gente precisa (...) criar meios para que a população conheça esses indivíduos. Ele muda de estado, ninguém sabe, ele muda de cidade, ninguém sabe, e as crianças e as mulheres costumam expostas, né?"
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Lei prevê que cadastro permita consulta de condenados por nome ou CPF
Em outubro de 2020, Bolsonaro e os então ministros das Mulheres, Damares Alves, e da Justiça, André Mendonça, sancionaram uma lei proposta pelo deputado Hildo Rocha (MDB-MA) que determinava a criação do cadastro nacional de pessoas por estupro.
Em 2024, Lula e os ministros Macaé Evaristo (Direitos Humanos), Ricardo Lewandowski (Justiça), Cida Gonçalves (Mulheres) e Jorge Messias (Advocacia Geral da União) sancionaram uma nova lei, de autoria da senadora Margareth Buzetti (PSD-MT) que prevê a divulgação pública desse cadastro.
Segundo essa nova lei, o sistema deve permitir a consulta pública por nome e CPF de pessoas condenadas por estupro, ainda que que em primeira instância. Caso o réu seja absolvido, a informação deve passar a ser sigilosa. Além disso, a norma prevê monitoramento eletrônico dos réus condenados por estupro.
Em nota, o Ministério da Justiça diz que a criação do cadastro ainda está "em articulação" com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e com a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), mas que “ainda não é possível precisar quando o cadastro estará disponível para consulta pública”.
Segundo o Secretário Nacional de Justiça, Mário Sarrubbo, a implementação deve ocorrer rapidamente.
"Os primeiros passos estão sendo dados e a nossa expectativa é que rapidamente a gente consiga ter esse cadastro, que é fundamental. Ele padroniza e vai ser utilizado de norte a sul do Brasil e traz, sem sobra de dúvidas, mais segurança para a população, principalmente para os mais vulnerabilizados", diz.
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