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Fiocruz e Marinha se unem para atender comunidades ribeirinhas no Pantanal


Grupo de pesquisa da Fiocruz percorre o Rio Paraguai com apoio de três navios da Marinha para examinar a saúde de comunidades de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Pesquisadores da Fiocruz percorrem Rio Paraguai para examinar saúde de comunidades ribeirinhas

Um grupo de pesquisa da Fiocruz está percorrendo o Rio Paraguai com apoio de três navios da Marinha para examinar a saúde de comunidades ribeirinhas de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Na imensidão do Pantanal, os navios da Marinha descem o Rio Paraguai levando atendimento médico e odontológico aos ribeirinhos.

"Há 2 semanas atrás já estava reclamando do dente, né. Aí nós já ficamos sabendo que a marinha ia vim. Aí a gente já aguardamos e já está sendo atendido", conta Sérgio Francisco Pereira, ribeirinho da região.

"Os problemas mais comuns que nós vemos na população ribeirinha é a cárie e a doença periodontal, que é a parte da gengiva, né. Consigo fazer interações dentárias, restaurações, para remover a cárie, aplicação tópica de flúor", conta Juliana Espiridigliose, tenente da Marinha e cirurgiã dentista.

Esse projeto vai além do atendimento médico e odontológico. Os dados levantados são cruzados com as informações do que acontece na casa dos ribeirinhos e no meio ambiente.

Os pesquisadores querem saber como as mudanças climáticas contribuem para a proliferação de vírus, bactérias e fungos e como impacta na vida das pessoas.

Além de amostras de sangue dos ribeirinhos, os pesquisadores também coletam material dos animais domésticos e a água do rio e das casas. Tudo segue para os laboratórios de alta tecnologia montados nos navios da Marinha, com a ajuda de parceiros.

A pesquisadora da Fiocruz, Nathália Guimarães, explica:

"Atualmente, nós fazemos mais de 50 exames, que vão desde exames de rotina laboratorial básica, como hemograma, glicemia, função renal até exames de sequenciamento. Realizamos também exames sorológicos, que permite detectar o patógeno, o agente causador da doença."

"O que era um alojamento para transportar tropas, hoje viraram grande laboratórios, então foi um desafio também para nós de proporcionar o máximo de conforto para os pesquisadores dentro do objetivo deles", disse César Batista Cunha Santos, comandante da Flotilha de Mato Grosso.

Este é o segundo ano do projeto, que já tem algumas descobertas. O aumento médio da temperatura trouxe mosquitos que não eram comuns na região e que podem transmitir doenças trazidas por aves migratórias vindas de outros países.

"Toda a região que nós percorremos ao longo do Rio Paraguai tá dentro do corredor de aves migratórias. Aves migratórias que vêm do Caribe, que vem dos Estados Unidos, né. E essas aves são vetores, ou seja, não há o contato da ave com o humano. precisa de o mosquito picar a ave, depois picar o humano", comenta Luiz Alcântara, pesquisador Fiocruz MG.

O projeto vai ajudar nas políticas públicas e na preservação do Pantanal. Rodrigo Pinheiro, médico veterinário e entomologista do Ministério da Saúde, explica:

"Com a degradação ambiental você pode desfavorecer o crescimento de espécies animais. Você tira o equilíbrio que existe no ambiente. Você pode extinguir algumas espécies importantes e favorecer outras que podem trazer prejuízos para a nossa saúde."

"Esse mapeamento ele serve para poder conhecermos, né, o que circula, quais as doenças, vírus e bactérias que circulam dentro do nosso estado junto com essa população e para que a gente possa programar através de políticas públicas e trazer um atendimento melhor para essa população", esclarece Elaine Cristina de Oliveira , diretora do Lacen/MT.

Os moradores entendem a importância da pesquisa.

"Porque muita das vezes existe muitas doenças que a gente não pode ver, mas a gente acaba pegando mesmo com todos eles, cuidado que a gente tenta ter com nossos animais, por isso pra nós é grande, bem gratificante mesmo", diz a ribeirinha Eliane Belmira Camargo Ferraz dos Santos.

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TV Globo

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