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Fotógrafo brasileiro relata medo após faltar mantimentos em mercados durante apagão em Portugal: ‘Deu um pânico’


Felipe Thiago Cordeiro, de 28 anos, mora em Portugal há três anos e relatou nunca ter presenciado algo parecido na Europa antes. Problema atingiu partes da Espanha e de Portugal. Restabelecimento é feito de forma gradativa. Fotógrafo brasileiro relata medo após faltar mantimento em mercados durante apagão em Portugal: ‘Deu um pânico’

"É incomum faltar coisas nas prateleiras. Os mercados estavam cheios de gente procurando mantimentos. Isso realmente deu um pânico", disse o fotógrafo brasileiro Felipe Thiago Cordeiro, de 28 anos. Ele vive há três anos na Cidade do Porto, em Portugal, e passou nesta segunda-feira (28) por horas sem energia, água e internet.

⚡Um apagão afeta regiões de Portugal e Espanha no início da tarde desta segunda (28), no horário local. A queda de energia paralisou a circulação de trens na Espanha e do metrô de Madri. Também afetou operações nos aeroportos de Madrid e Lisboa.

🔌Em Portugal, moradores de Lisboa e do Porto registram a volta parcial de energia. Em Madri, testemunhas também confirmaram a volta da energia.

Felipe é paraibano, mas se mudou para Roraima ainda criança, aos 4 anos, e viveu em Boa Vista até se mudar para Portugal, onde trabalha como gerente de uma equipe de fotografia. Ele relata nunca ter presenciado algo parecido na Europa antes.

"Eu só me dei conta muito tarde, porque era horário de almoço e estava tudo desligado. Quando tentei ligar a televisão para ver as notícias, percebi que não havia energia. Foi aí que minha amiga, que mora na Galícia, na Espanha, mandou mensagem perguntando se também tinha faltado luz aqui", contou.

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Felipe Thiago Cordeiro em Portugal, onde vive há 3 anos

Arquivo Pessoal/Felipe Thiago Cordeiro

Dentro do apartamento onde mora com mais quatro pessoas, Felipe notou a movimentação quando um colega tentou checar o quadro geral de energia.

"Vi ele tentando ligar os disjuntores para ver se era algo interno, mas já tinha recebido informações de que no teleférico de Gaia, onde trabalho, eles estavam usando gerador próprio porque também estavam sem internet e energia", explicou.

Logo depois, ao sair de casa, percebeu que a situação era ainda mais séria. Ele compara a situação com Roraima, onde quedas de energia são frequentes por conta do isolamento energético.

"Não tinha semáforo, não tinha poste aceso, não tinha absolutamente nada. Eu moro na Europa há quase quatro anos e nunca vivi isso. Lá em Roraima era comum faltar energia, mas aqui não", afirmou.

Prateleiras vazias em Portugal, no bairro onde Felipe Thiago vive

Arquivo Pessoal/Felipe Thiago Cordeiro

O impacto nas ruas também foi sentido dentro dos supermercados. "Quando cheguei, vi que as prateleiras estavam momentaneamente vazias. Água, enlatados, itens básicos sumiram muito rápido", relatou.

Felipe ainda explicou que precisou ir a outro mercado para conseguir encontrar alguns produtos.

"Água realmente faltou no meu bairro. Estava um caos em relação à quantidade de gente. Chegou um momento que os seguranças tiveram que controlar a entrada das pessoas — e isso aqui é muito incomum".

Segundo ele, o alerta da União Europeia para estocar mantimentos ajudou a reforçar a sensação de urgência. "As pessoas entraram em pânico. Ver as prateleiras vazias deu uma sensação de desespero, porque não é algo que acontece por aqui", afirmou.

Sem energia e com o fogão elétrico inutilizado, Felipe e os colegas improvisaram para passar o dia. "Nós tivemos que comprar carvão e usar uma churrasqueira pequena para fazer carne. Não dava pra fazer arroz ou algo mais elaborado, senão estragaria as panelas. Então compramos cerveja, vinho e fomos jogar cartas, Uno e Jenga para passar o tempo", contou.

Fogão improvisado do lado de fora para fazer comida em Portugal no apagão

Arquivo Pessoal/Felipe Thiago Cordeiro

A operadora de energia REN informou que a eletricidade foi restabelecida para 750.000 clientes em Portugal.

O fornecimento de energia para as subestações de Carregado e Sacavém foi restaurado, segundo comunicado no site da empresa, que acrescenta que este é um "passo essencial" para o reabastecimento de Lisboa.

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