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Homem e mulher são encontrados decapitados em área de conflito indígena na Bahia


Delegacia de Porto Seguro, no extremo sul da Bahia

Arquivo Pessoal

Um homem e uma mulher de 30 anos foram encontrados mortos, no sábado (19), em Barra Velha, área de tensão agrária da cidade de Porto Seguro, no extremo sul da Bahia. Segundo a Polícia Civil (PC), além de terem sido atingidas por facadas e tiros, as vítimas foram decapitadas.

O crime aconteceu em uma estrada de barro, cercada por vegetação, na Aldeia Boca da Mata. Bruno Dias Alves e Carliane de Jesus Constantino foram localizados após testemunhas passarem pelo local. Nas roupas das vítimas, a polícia encontrou porções de cocaína e maconha. O material foi apreendido.

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Os corpos foram encaminhados para o Departamento de Polícia Técnica (DPT), para necropsia. O caso é investigado pela 1ª Delegacia Territorial (DT/Porto Seguro). Conforme informou a polícia, ao menos mínimo três armas foram usadas no crime, conforme apurou a perícia inicial: faca; arma de fogo e facão (usado na decapitação).

Em nota, a PC informou que pessoas estão sendo ouvidas, em ações policiais, para esclarecer a autoria e motivação do duplo homicídio. Até a última atualização desta reportagem, ninguém havia sido preso.

Indígenas mortos

Dois indígenas são assassinados a tiros em área de conflito na Bahia

Reprodução/Redes Sociais

No dia 9 de julho, dois indígenas também foram encontrados mortos, com marcas de tiros, em Barra Velha. Segundo apurou com a polícia a TV Santa Cruz, afiliada da Rede Bahia na região, as vítimas foram identificadas como Itarauí Santana de Souza, de 24 anos, e Gil do Monteiro dos Santos, de 35.

As investigações iniciais apontam que Itarauí e Gil foram vítimas de uma emboscada. Os corpos deles foram encontrados abandonados, no final da tarde, em uma estrada que dá acesso à comunidade.

Inicialmente, policiais militares estiveram no local e acionaram o Departamento de Polícia Técnica (DPT), para perícia e necropsia. O caso é também investigado na delegacia da cidade. Ainda não há detalhes sobre autoria e motivação do crime.

Zona de tensão agrária

Indígenas bloqueiam BR-101, em Itamaraju, para reivindicar soltura de cacique preso em ação da Força Nacional de Segurança Pública

Arquivo pessoal

Palco de conflitos entre indígenas e fazendeiros nos últimos meses, a região teve o policiamento reforçado em abril pela Força Nacional de Segurança Pública (FNSP). Segundo o Ministério da Justiça, o grupo permanecerá no município até o final de julho.

A corporação é um programa de cooperação de Segurança Pública brasileiro, coordenado pelo Ministério de Justiça e Segurança Pública. Ela é composta por policiais militares, bombeiros, policiais civis e peritos, e é acionada em situações de emergência.

No dia 4 de julho, os agentes foram interceptados por um grupo de pessoas, após prenderem cinco homens flagrados com armas. Na ocasião, segundo a Força Nacional de Segurança Pública, os policiais foram obrigados a liberar o grupo, ficando com o material que tinha sido apreendido.

Dois dias antes, dois homens e dois adolescentes tinham sido presos pelo mesmo motivo. Um deles é Welington Ribeiro de Oliveira, o cacique Suruí Pataxó.

Em protesto pela ação, no mesmo dia, indígenas fecharam dois sentidos de um trecho da BR-101, na entrada do Parque Nacional Monte Pascoal, durante 6h. Depois, uma nova manifestação durou 36h, no mesmo ponto.

A Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), que representa o grupo, repudia as prisões. A entidade afirma que o cacique sofre ameaças de morte há anos, é defensor de direitos humanos e foi preso injustamente.

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