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Imigração dos EUA prende outro estudante palestino com green card; VÍDEO mostra ele sendo levado algemado


Mohsen Mahdawi foi detido nesta segunda (14), mesmo dia em que o governo Trump anunciou o congelamento de US$ 2,3 bilhões de verba para Harvard. Há quatro dias, a Justiça americana autorizou a deportação do outro estudante preso, Mahmoud Khalil. Mais um estudante palestino da Universidade de Columbia é preso nos EUA

Mais um estudante palestino da Universidade de Columbia foi preso pelo governo dos Estados Unidos nesta segunda-feira (14).

Mohsen Mahdawi, que fazia parte da liderança dos protestos contra a guerra em Gaza realizados no campus da universidade, foi levado para um local desconhecido por agentes do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) ao comparecer a um escritório de imigração de Vermont, onde esperava ser entrevistado sobre a finalização de sua cidadania americana.

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Ele é residente permanente legal e possui um green card desde 2015.

Imagens gravadas por um amigo dele e divulgadas à imprensa mostram quando Mahdawi é levado algemado para viaturas do ICE. Sem resistência, ele entra em um dos veículos e faz um sinal de paz ao olhar para a câmera.

Mohsen Mahdawi sendo levado por agentes do ICE

Christopher Helali via AP

Os advogados do estudante, que tinha formatura prevista para maio e iria iniciar o mestrado em Columbia em setembro, entraram com uma petição na Justiça Federal solicitando uma ordem que impeça o governo de removê-lo do estado ou do país.

"O governo Trump deteve Mohsen Mahdawi em retaliação direta por sua defesa dos direitos dos palestinos e por sua identidade como palestino. Sua detenção é uma tentativa de silenciar aqueles que se manifestam contra as atrocidades em Gaza. Também é inconstitucional", disse a advogada Luna Droubi em um e-mail.

Na defesa apresentada à Justiça, eles descrevem o cliente como um budista comprometido que acredita na "não violência e na empatia como princípio central de sua religião".

Mahdawi nasceu em um campo de refugiados na Cisjordânia e se mudou para os Estados Unidos em 2014. Ele foi cofundador da União de Estudantes Palestinos na Universidade de Columbia com Mahmoud Khalil, outro residente permanente palestino nos EUA e estudante de pós-graduação detido pelo ICE.

Justiça autorizou deportação de outro estudante preso

Há quatro dias, a Justiça dos EUA autorizou o governo Trump a prosseguir com o processo de deportação de Khalil, preso por participar de protestos na Universidade de Columbia contra a ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza.

Khalil está preso desde o dia 8 de março, quando agentes de imigração (Departamento de Imigração e Alfândega, ou ICE, na sigla em inglês) o abordaram na residência estudantil onde ele morava.

Mahmoud Khalil, com papel na mão, falando com a mídia sobre o acampamento Revolt for Rafah na Universidade de Columbia em junho de 2024

REUTERS/Jeenah Moon

O estudante entrou nos EUA com um green card, o que lhe dá status de residente legal e permanente no país.

A decisão foi tomada pelo juiz de imigração Jamee E. Comans, da Louisiana, estado para onde o estudante foi levado após ser detido.

A alegação do governo de que a presença de Khalil nos Estados Unidos representava "consequências potencialmente graves em termos de política externa" foi suficiente para satisfazer os requisitos para a sua deportação, segundo Comans.

'Primeira de muitas'

Em março, logo após a prisão de Mahmoud Khalil, o presidente americano, Donald Trump, falou sobre ela em um post e disse que era a primeira "de muitas que virão":

"Esta é a primeira prisão de muitas que virão. Sabemos que há mais estudantes na Columbia e em outras universidades pelo país que se envolveram em atividades pró-terroristas, antissemitas e antiamericanas, e a Administração Trump não tolerará isso. Muitos não são estudantes, são agitadores pagos. Encontraremos, apreenderemos e deportaremos esses simpatizantes terroristas do nosso país — para nunca mais retornarem".

Sua prisão foi condenada por grupos de direitos civis como um ataque às liberdades civis. Houve protestos no campus da Columbia, em Nova York.

Nesta segunda-feira (14), o governo Trump ainda anunciou o congelamento de cerca de US$ 2,3 bilhões (R$ 13,1 bilhões) em subsídios e contratos com a Universidade de Harvard, depois que a instituição disse que não vai cumprir exigências da gestão, como o fim de programas de inclusão e equidade.

Faixa colocada em acampamento na Universidade de Columbia, em Nova York, manifesta solidariedade aos palestinos de Gaza

Stefan Jeremiah/AP

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, também falou sobre a prisão nas redes sociais, mas sem dar detalhes, e afirmou:

"Revogaremos os vistos e/ou green cards de apoiadores do Hamas na América para que eles possam ser deportados".

Khalil, que atuou como negociador para manifestantes pró-palestinos durante o acampamento montado no campus no ano passado, contou que se recusou a assinar um acordo de sigilo que estava sendo exigido e que, após a recusa, a universidade ameaçou impedi-lo de se formar, mas recuou quando ele apelou da decisão por meio de um advogado.

“Tenho cerca de 13 alegações contra mim, a maioria delas são postagens de mídia social com as quais não tive nada a ver. Eles só querem mostrar ao Congresso e aos políticos de direita que estão fazendo alguma coisa, independentemente do que está em jogo para os estudantes. É principalmente um escritório para esfriar o discurso pró-Palestina", disse.

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