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Indígenas afirmam que membro da segurança do DF incitou violência antes de ato que terminou com gás de pimenta; 'mete o cacete', diz áudio


Fala aconteceu na quarta-feira (9), em reunião que tratava do controle do número de indígenas que participariam de marcha em Brasília. Secretaria de Segurança nega que fala tenha partido da pasta. Povos indígenas denunciam falas racistas durante reunião com forças de seguranças

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) denuncia falas de cunho violento durante uma reunião convocada pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) para tratar da organização da marcha do Acampamento Terra Livre que aconteceu no fim da tarde desta quinta-feira (10). Houve confusão e uso de spray de pimenta por parte da polícia legislativa (veja detalhes abaixo).

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A reunião aconteceu na quarta-feira (9). Segundo a Apib, no momento da fala, os integrantes falavam sobre o controle do número de indígenas que participariam da marcha. A articulação sugeria que um número reduzido de pessoas fosse até a Esplanada dos Ministérios, mesmo que a restrição gerasse reações negativas entre os participantes do acampamento.

“Deixa descer logo. Deixa descer e mete o cacete se fizer bagunça. Pronto”, diz o homem, em seguida, sem se identificar (veja vídeo acima).

O integrante da Apib questiona a fala, mas ninguém se manifesta durante o trecho ao qual o g1 teve acesso. O secretário executivo de Segurança Pública do DF, Alexandre Patury, nega que a fala tenha partido de um membro da pasta. Ele afirma que o dono do número usado na chamada já foi identificado, mas a identidade da pessoa não será revelada.

Várias etnias estão reunidas no Acampamento Terra Livre — a maior mobilização indígena do país — desde o último fim de semana. Cerca de 8 mil indígenas participam do encontro, segundo a Apib. As atividades e debates sobre direitos e políticas para os povos originários vão até sexta-feira (11).

Confusão e uso de gás lacrimogênio

Confusão em frente ao Congresso Nacional

A polícia legislativa usou gás lacrimogênio para conter uma confusão, em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, ao final da marcha de indígenas, nesta quinta-feira (veja vídeo acima).

👉 A Polícia Militar afirma que, ao final da manifestação, um grupo "adentrou a área de segurança do Congresso Nacional, momento em que a Polícia Legislativa atuou com material químico".

👉 Os diretores da Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados informaram que nenhum manifestante foi detido pelo órgão. Segundo eles, a preocupação do órgão era "conter a invasão".

👉 Em nota, a Apib diz que o acesso ao gramado pelos indígenas "ocorreu de forma espontânea, sem qualquer ato de violência, depredação ou rompimento de barreira". A articulação lamentou o uso do "uso desnecessário de substâncias químicas contra os manifestantes, mulheres, idosos, crianças e lideranças tradicionais".

👉 A Secretaria de Segurança Pública afirma que a Polícia Militar não se envolveu no uso do gás lacrimogênio e spray de pimenta. No entanto, o secretário executivo da pasta, Alexandre Patury, diz que, se fosse necessário, daria autorização para o uso porque os indígenas ultrapassaram o bloqueio.

👉A Câmara dos Deputados informou que o acordo com o movimento indígena era que os manifestantes chegassem "apenas até a Avenida José Sarney, anterior à Avenida das Bandeiras, que fica próxima ao gramado do Congresso. Mas, parte dos indígenas resolveu avançar o limite".

👉A Secretaria de Polícia do Senado Federal informou que devido ao avanço inesperado de manifestantes em direção à sede do Poder Legislativo, "foi necessário conter os manifestantes, sem grandes intercorrências".

👉 O Corpo de Bombeiros informou que atendeu duas mulheres vítimas de mal súbito, sendo que uma foi transportada para a UPA de São Sebastião e a outra para o Hospital de Base. "Estavam conscientes, orientadas e estáveis", informou a corporação.

Indígenas sendo atendidos após uso de gás lacrimogênio em marcha em Brasília

Richard Wera/Reprodução

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