Ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, destacou as 'sérias dúvidas' que o Irã tem sobre negociações, mas que acordo é possível se EUA tiverem postura realista. Ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi
REUTERS/Dilara Senkaya/File Photo
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, destacou nesta sexta-feira (18) as "sérias dúvidas" que o Irã tem a respeito das intenções dos Estados Unidos nas conversas sobre o programa nuclear de Teerã, que acontecerão neste sábado em Roma.
O encontro ocorre após o presidente americano, Donald Trump, pedir em março que as negociações sobre o programa nuclear iraniano fossem retomadas, e ter feito ameaças caso contrário. Os países ocidentais e Israel afirmam que Teerã busca o desenvolvimento de armamento nuclear, acusação que os iranianos negam.
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Trump disse anteriormente que não descarta um ataque militar direto contra instalações nucleares do Irã caso um acordo nuclear não seja fechado, e que Israel pode liderar o eventual ataque.
"Embora tenhamos sérias dúvidas sobre as intenções e motivos da parte americana, participaremos, apesar de tudo, nas negociações de amanhã", disse Araqchi durante coletiva de imprensa em Moscou com seu homólogo russo, Sergey Lavrov. O encontro neste sábado ocorrerá com a mediação do Omã.
Ao mesmo tempo, Araqchi disse que o Irã acredita ser possível chegar a um acordo com os EUA sobre seu programa nuclear, desde que Washington adote uma postura realista. “Se eles demonstrarem seriedade de intenção e não fizerem exigências irreais, é possível chegar a acordos”, afirmou.
Entre os desejos do Irã para fechar um acordo, Teerã quer garantias de que Trump não sairia de um eventual novo acordo nuclear e, segundo uma autoridade iraniana ouvida pela agência de notícias Reuters, também tem algumas "linhas vermelhas": não reduzirá a zero o enriquecimento de urânio, não negociará seu programa de mísseis e não desmobilizará centrífugas de instalações nucleares
Na semana passada, uma primeira reunião foi organizada em Mascate, capital de Omã, que tanto Washington quanto Teerã consideraram "construtiva".
Durante seu primeiro mandato, entre 2017 e 2020, Trump retirou os EUA de um acordo nuclear histórico, assinado em 2015 por Obama e que limitava o programa nuclear iraniano em troca de um alívio das sanções impostas contra a República Islâmica.
Teerã cumpriu o acordo até a retirada de Washington, mas depois começou a desvincular-se de seus compromissos. Desde então, os esforços para retomar o acordo de 2015 fracassaram.
O governo de Israel reiterou nesta sexta-feira que evitará que o Irã tenha armas nucleares e afirmou ter um "plano de ação claro".
"O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e eu, em conjunto com os órgãos relevantes, estamos comprometidos em liderar um plano de ação claro para evitar que o Irã adquira armas nucleares", afirmou o ministro da Defesa israelense, Israel Katz.