Baixada em Pauta: Raíssa Cabral, Lívia Doria e Tammy Weiss são as convidadas da semana

Os curtas-metragens 'Amar ao Envelhecer' e 'Flores Invisíveis', produzidos em Santos, no litoral de São Paulo, serão exibidos no 9º Inter-City Film Festival, em Busan, na Coreia do Sul. Os filmes foram feitos durante as oficinas de formação do Instituto Querô, escola de capacitação em audiovisual voltada para jovens de 16 a 20 anos em situação de vulnerabilidade social na Baixada Santista.

As diretoras dos curtas Raíssa Cabral e Lívia Doria e a coordenadora da entidade, Tammy Weiss, estiveram no podcast Baixada em Pauta, onde falaram sobre detalhes sobre os filmes, como chegaram ao festival e as oportunidades do audiovisual para jovens periféricos.

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Amar ao Envelhecer

Curta-metragen Amar ao Envelhecer

Divulgação/Prefeitura de Santos

Obra de Raíssa Cabral e Thalita Baeta, ‘Amar ao Envelhecer’ (2023) apresenta duas histórias entre três personagens, abordando o amor na terceira idade sob uma nova perspectiva. O curta de aproximadamente 15 minutos trata de autodescobrimento e segundas chances, mesmo diante das rugas e cabelos brancos.

De acordo a Raíssa, a ideia do filme veio após uma reflexão sobre o eterismo [preconceito contra pessoas por causa de sua idade] que pessoas mais velhas sobre perante a sociedade.

“Até hoje é a minha produção favorita. [...] Tem uma parte que ela [a personagem] fala no filme: ‘minhas rugas não mudam o que eu sou’. As pessoas, por acharem que envelheceram, elas [pensam que] não são mais a mesma. Começa a ter um preconceito com ela [mesma]. No meu filme eu quis trazer isso. Nada muda. É a primeira vez deles vivendo também. E eles têm histórias, eles querem viver romances novos, querem fazer coisas loucas”, afirmou Raíssa.

Flores Invisíveis

Curta-metragem Flores Invisíveis

Divulgação/Prefeitura de Santos

Já 'Flores Invisíveis' (2023), de Lívia Doria e Maria Fernandes, é um mini documentário que mergulha no universo do Transtorno do Espectro Autista (TEA) a partir da vivência de três mulheres. O curta, também com cerca de 15 minutos, busca desconstruir estereótipos e reforça que há muitas outras mulheres com histórias semelhantes

Lívia contou que não imaginava que a produção chegaria tão longe, mas ficou feliz pelo impacto. De acordo com ela, a proposta do documentário foi falar sobre o reflexo do TEA especificamente no gênero feminino.

“Quando o autismo começou a ser estudado, foi no cérebro masculino. Por isso a nossa ideia em gravar um filme sobre mulheres autistas. Foi sobre mulheres de fato, não sobre o autismo em geral. É um documentário muito bonito e eu tenho muito orgulho dele”, informou Lívia.

Jovens das Oficinas Querô realizam curtas-metragens em Santos

Prefeitura de Santos

Oportunidade para os jovens

Segundo Tammy Weiss, coordenadora do Instituto Querô, a iniciativa trabalha com um olhar de transformação social. Entendido promove uma formação de dois anos, onde os alunos realizam diversas produções culturais sob a orientação de tutores profissionais. No final, os jovens ainda são encaminhados ao mercado de trabalho.

Lívia acredita que, para jovens periféricos, assim como ela, é difícil enxergar oportunidades para mudar de vida através do audiovisual. De acordo com a diretora, ela e sua família só começaram a entender como um trabalho de verdade quando Lívia começou a levar dinheiro para dentro de casa com um emprego na área do cinema.

“A gente acaba mirando para trabalhar em shopping, trabalhar em mercado. A gente nunca acha que de fato o cinema é uma oportunidade, porque o cinema é sempre visto como um hobby”.

Dificuldades de investimento

Esta não é a primeira vez que produções da instituição são indicadas a festivais internacionais. A entidade já contou com exibições em eventos ao redor do mundo, como os longas 'Sócrates' e 'Wonder'. Apesar disso, Tammy Weiss ressaltou que os produtores de curtas sofrem com falta de investimento na carreira.

“Faz já mais de 10 anos que os festivais pararam de investir em transporte, alimentação e hospedagem para trazer os realizadores [dos filmes]. Então os curtas metragistas sofrem com isso. Deveria existir mais projetos, ou investimento de recursos diretos do governo, instituições privadas, ou editais de difusão e exibição”.

Curtas produzidos em Santos, SP, são indicados para festival internacional na Coreia do Sul

Divulgação/Prefeitura de Santos e Inter-City Film Festival

9º Inter-City Film Festival

O festival reúne obras de diversas partes do mundo, produzidas em Cidades Criativas do Cinema da Unesco e em municípios parceiros da Associação de Cinema Independente de Busan. Os curtas-metragens produzidos em Santos serão exibidos no evento entre os dias 29 e 31 de agosto.

Raíssa Cabral, Lívia Doria e Tammy Weiss são as convidadas da semana no podcast Baixada em Pauta

g1 Santos

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