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Justiça Federal mantém prisão de TH Joias após audiência de custódia


Th Joias chega à Superintendência da PF

Josué Luz/TV Globo

A Justiça Federal manteve a prisão do deputado estadual Tiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias, após audiência de custódia realizada nesta quinta-feira (4).

A decisão da desembargadora federal Fernanda Resende Djahjah Dominice reforça o entendimento da Justiça Estadual, que também havia determinado a manutenção da prisão do parlamentar, suspeito de envolvimento com o Comando Vermelho.

TH Joias foi preso na quarta-feira (3) durante uma operação da Polícia Federal que mirou um esquema criminoso envolvendo políticos, agentes públicos e integrantes da facção. A ação resultou também na prisão de 15 pessoas.

Segundo as investigações, o deputado é acusado de intermediar a compra e venda de drogas, armas de uso restrito e equipamentos antidrones, além de lavagem de dinheiro por meio de uma loja de produtos esportivos no Mato Grosso do Sul, supostamente usada para ocultação de capitais.

3 suspeitos de ligação com TH Joias vão para presídio federal

O desembargador Macario Ramos Judice Neto, do Tribunal Regional Federal (TRF), da 2ª Região (Rio e Espírito Santo), decidiu que três suspeitos de envolvimento com Thiego Raimundo Oliveira Santos, o TH Joias, devem ficar presos em uma penitenciária federal.

São eles:

o traficante Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão;

o assessor de TH Luiz Eduardo Cunha Gonçalves, o Dudu;

e o traficante Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, que é considerado foragido.

A decisão atendeu a pedidos da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Para o desembargador Macario, a medida é por tempo indeterminado e se faz "necessária".

TH Joias foi preso em operação da Polícia Federal nesta quarta-feira (3). Ele responde a dois processos convergentes. Um da Justiça Federal em uma ação da PF e do MPF e outro da Justiça estadual também com a Polícia Federal junto com a Polícia Civil e o Ministério Público estadual.

Luciano Martiniano da Silva, Pezão, traficante do Complexo do Alemão

Reprodução

As investigações da Delegacia de Repressão à Entorpecentes (DRE), da Polícia Federal e do MPF apontam a atuação do trio em favor da facção criminosa Comando Vermelho.

Em seu relatório, a PF justificou a ida do trio para a penitenciária federal informando a proximidade do trio com a facção:

"No caso concreto, restou fartamente demonstrado que os investigados, em especial aqueles vinculados à liderança da facção e ao núcleo institucional corrompido, possuem elevado grau de periculosidade, capacidade de articulação extramuros e, sobretudo, histórico de interferência direta e indireta na administração da Justiça, seja por meio de coação, corrupção sistêmica de agentes públicos ou repasse de informações privilegiadas, tudo voltado à perpetuação e expansão da atividade criminosa".

O que a PF e o MPF descobriram sobre cada um dos suspeitos:

Índio - Traficante da favela do Lixão, em Duque de Caxias. É apontado como principal responsável pela negociação de armas e drogas para o Comando Vermelho, e elo fundamental entre as lideranças da facção e o braço político;

Dudu - Assessor de TH Joias, é responsável pela logística de importação e entrega de equipamentos como bazucas e antidrones para traficantes do Comando Vermelho, além de alertas aos criminosos sobre operações policiais sigilosas, permitindo e colaborando com fugas de traficantes;

Pezão - Apontado como chefe da facção Comando Vermelho e responsável pelo planejamento e execução de diversas ações criminosas de grande vulto devido a sua periculosidade e capacidade de articulação.

No caso de Dudu, o MPF discordou da PF sobre a necessidade de enviá-lo para presídio federal. A PF entendeu diferente. Junto com TH Joias, segundo a PF, ele teria vendido aparelhos antidrone para o Comando Vermelho e ao Terceiro Comando Puro com lucros superiores a R$ 200 mil.

As investigações mostram que Dudu seria o principal contato com os traficantes Índio (Comando Vermelho) e Lacoste (Terceiro Comando) viabilizando assim, segundo a PF, a comercialização de drogas e armas para as duas facções.

Suspeito de vender 'antidrone' ao tráfico, TH Joias discutiu uso de drones por criminosos

Dudu foi assessor do deputado TH Joias até agosto de 2024. Dudu também atuou para a nomeação da mulher de Índio, Fernanda Ferreira Castro para uma vaga na Alerj. Ele ainda passou a Índio informações sobre operações policiais.

Delegado federal em presídio do RJ

A Polícia Federal solicitou à Justiça que o delegado federal Gustavo Stteel fosse transferido para uma penitenciária federal. O desembargador Macário Ramos determinou o afastamento de Stteel do cargo e a manutenção numa unidade prisional no Rio de Janeiro.

Após a prisão, o delegado foi levado para o presídio Constantino Cokotós, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. A unidade é destinada a policiais e ex-policiais presos.

As investigações mostraram que Stteel acessou o sistema da polícia para pesquisar se havia investigações contra Dudu ou Índio. Stteel ainda fez um "levantamento detalhado de dados pessoais, imagens e informações" de um delegado da Polícia Federal, da Delegacia de Repressão à Entorpecentes (DRE) e responsável pela investigação de facções criminosas.

Delegado federal Gustavo Stteel

Reprodução

A PF descobriu que uma foto do policial foi enviada por Dudu a Índio. Para o desembargador Macário, a ação colocou em risco a investigação e mostrou articulação de Dudu com o crime.

"O vazamento da identidade da autoridade policial a uma importante liderança da organização criminosa colocou possivelmente não só a integridade das investigações em risco, mas também expôs a elevado grau de periculosidade os agentes policiais e os demais atores da presente persecução penal", escreveu o desembargador do TRF.

O que dizem os citados

A defesa de Thiego Raimundo da Silva, o TH Joias divulgou uma nota:

"A defesa do deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva considera absurdas as acusações que vêm sendo reiteradas contra ele. Trata-se de uma repetição de fatos já explorados anteriormente, em claro movimento de perseguição política a um representante legítimo do povo do Rio de Janeiro.

Até o presente momento, a defesa não teve acesso integral aos autos, o que evidencia a violação do direito constitucional ao contraditório e à ampla defesa. Reafirmamos nosso compromisso em esclarecer todos os pontos e demonstrar a total inocência do deputado".

Já os advogados de Gustavo Stteel enviaram uma nota sobre o caso:

A defesa do Delegado de Polícia Federal Gustavo Stteel vem a público esclarecer que seu constituinte é inocente das acusações que lhe foram atribuídas, o que será demonstrado no curso do processo que, confia a defesa, respeitará o devido processo legal, especialmente, as garantias constitucionais.

Gustavo Stteel construiu sua trajetória profissional com base em princípios de ética, retidão e exemplaridade, atributos que sempre marcaram sua exímia atuação profissional, amplamente reconhecidos durante sua longa carreira na Polícia Federal. Sua trajetória demonstra comprometimento com a legalidade, a probidade e a defesa da sociedade.

Destacamos que o decreto de prisão preventiva, no que se refere especificamente ao nosso constituinte, não se baseia em provas concretas, mas sim em meras suposições e conjecturas, cuja incorreção será devidamente esclarecida pela defesa nos autos.

Reafirmamos nossa confiança na Justiça e na plena elucidação dos fatos, certos de que a inocência de nosso constituinte será reconhecida".

O g1 também não encontrou a defesa de Índio.

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