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Mesmo com tarifaço, alguns produtores brasileiros ainda vão continuar competitivos para os EUA


Mesmo com tarifaço, alguns produtos brasileiros ainda vão continuar competitivos para os EUA

Alguns produtores brasileiros ainda vão continuar competitivos no mercado americano, mesmo com o tarifaço.

O expresso servido em uma cafeteria no centro de São Paulo é o mesmo que abastece centenas de cafeterias nos Estados Unidos. O produtor, Garam Vicotr Um, diz que um quarto da safra — 30 toneladas por ano — vai para o mercado norte-americano. E mesmo com as tarifas de Donald Trump, ele não acredita que o consumidor de lá vá abrir mão do gostinho do nosso café.

"Porque tem esse sabor específico, tem esse aroma específico, né? E aí eu acho que isso é o que mantém mais a pessoa querendo comprar mesmo com as tarifas", diz Garam Victor Um.

Um mapa mostra o quanto o café brasileiro é importante para os Estados Unidos. Em 2024, os produtores nacionais venderam US$ 1,8 bilhão em café verde, não torrado, para os americanos.

Nosso maior concorrente foi a Colômbia, que exportou US$1,3 bilhão do produto. Outros países da América Latina, além do Vietnã e da Indonésia, vêm logo em seguida na lista, mas venderam bem menos.

Donald Trump taxou o café brasileiro em 50%, e o colombiano e o dos outros países em percentuais menores.

O professor de Relações Internacionais afirma que o café brasileiro continuará competitivo e dá mais um motivo: o tempo que outros países podem levar para substituir o produtor brasileiro.

"O ciclo do café ele é muito longo, demora tempo para plantar e colher, a tendência é que os Estados Unidos tem que seguir comprando café brasileiro mesmo com esse valor mais alto. Agora é claro que isso pode levar a uma diminuição do consumo nos Estados Unidos, então, mesmo que eles ainda tenham que comprar o nosso produto, talvez, não no mesmo volume que eles importam atualmente", explica Ricardo Fagundes Leães, professor e pesquisador de Relações Internacionais da ESPM.

A celulose é outro produto que deve se manter relevante. É a matéria-prima de papéis, tecidos, produtos de higiene, entre outros. Em 2024, o Brasil mandou para os Estados Unidos quase US$ 1,77 bilhão do produto. Ganhou de longe de quase todos os outros concorrentes, menos do Canadá, que exportou para o vizinho mais de e US$ 2 bilhões. A celulose brasileira foi taxada em 10%. Já a canadense é isenta.

Mas quem trabalha no setor diz que uma característica do nosso produto deve manter a competitividade nos Estados Unidos.

"A celulose brasileira" se adapta muito bem ao padrão exigido pelos clientes americanos. Isso faz com que seja difícil a substituição, não é impossível, mas é difícil, para ajuste de máquinas ou mesmo de produto a qualidade do produto final é boa nos Estados Unidos em função da boa qualidade da celulose brasileira", diz Antonio Lacerda, diretor-geral de Celulose da CMPC no Brasil.

Os economistas dizem que, de modo geral, as empresas brasileiras com produtos taxados em 50%, mas elas podem ter um outro aliado importante nessa guerra comercial: o câmbio. É que a guerra tarifária de Donald Trump desvalorizou a moeda americana no mundo inteiro. E em comparação com as moedas concorrentes, o real se valorizou menos, o que torna nossos produtos mais baratos, reduzindo ao menos um pouco os efeitos do tarifaço. É o que explica o professor de economia da FGV, João Ricardo Costa Filho.

"O câmbio também vai ser de alguma forma ser uma moeda, um mecanismo de ajuste para que alguns setores consigam acomodar e suavizar um pouco esses impactos que vão ser fortes. O mundo vai sentir isso, só que pode ser que o câmbio ajude e até garanta a sobrevivência de algumas empresas, de alguns setores".

Mesmo com tarifaço, café e celulose do Brasil podem se manter competitivos nos EUA

Reprodução/TV Globo

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