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Moody’s eleva nota de crédito da Argentina em dois degraus e altera perspectiva para 'estável'


Presidente da Argentina, Javier Milei.

Ciro De Luca/ Reuters

A agência de classificação de risco Moody’s elevou nesta quinta-feira (17) a nota de crédito da Argentina de “Caa3” para “Caa1”, um avanço de dois degraus. Ainda assim, o país permanece na categoria de risco alto de inadimplência — o que tende a afastar investidores. (veja mais abaixo)

A perspectiva da nota também foi alterada pela agência: passou de “positiva” para “estável”. Isso indica que serão necessários dados econômicos mais favoráveis para que haja uma nova melhora na classificação de crédito do país.

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“A elevação reflete nossa visão de que a ampla liberalização do câmbio e (em menor grau) dos controles de capitais, junto com um novo programa com o Fundo Monetário Internacional (FMI), apoiam a disponibilidade de moeda forte (dólar) e reduzem a pressão sobre as finanças externas”, afirmou a Moody’s em comunicado. “Isso reduz a probabilidade de um evento de crédito.”

A perspectiva estável, acrescentou a agência, reflete o cenário de equilíbrio entre os avanços positivos e os desafios de crédito que persistem no país.

A Moody’s aponta que o país ainda não conseguiu organizar bem suas contas externas e que as condições do comércio internacional não estão favoráveis, o que pode reduzir o superávit comercial — ou seja, fazer com que a Argentina exporte menos e acumule menos reservas em moeda estrangeira.

Em 2020, a agência rebaixou a classificação de crédito do país, após as negociações para reestruturação da dívida serem interrompidas por conta da pandemia, aumentando o risco de calote.

Já em janeiro deste ano, a Moody's elevou a nota argentina para “Caa3” — o primeiro upgrade para a segunda maior economia da América do Sul em mais de cinco anos.

Reformas de Milei

A Argentina, que já vinha enfrentando uma forte recessão, passa por um grande ajuste econômico. Após tomar posse, em dezembro de 2023, Milei decidiu paralisar obras federais e interromper o repasse de dinheiro para os estados.

Foram retirados subsídios às tarifas de água, gás, luz, transporte público e serviços essenciais. Com isso, houve um aumento expressivo nos preços ao consumidor. Nos último ano, porém, o governo conseguiu reduzir drasticamente a inflação, cuja taxa mensal ficou em 1,6% em junho.

O país também observou uma intensificação da pobreza no primeiro semestre de 2024, com 52,9% da população nessa situação. No segundo semestre, o percentual caiu para 38,1% — um total de 11,3 milhões de pessoas. A insatisfação da população despertou protestos pelo país.

Por outro lado, o presidente conseguiu uma sequência de superávits (arrecadação maior do que gastos) e a retomada da confiança de parte dos investidores.

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Nota brasileira

No fim de maio, a Moody’s revisou perspectiva da nota de crédito do Brasil, que passou de “positiva” para “estável”. Apesar da mudança, o rating soberano do país foi mantido em Ba1, um nível abaixo do chamado grau de investimento — e seis degraus acima da nota argentina. Veja na tabela abaixo.

A classificação brasileira indica um "grau especulativo", o que, segundo as agências de risco, aponta que o Brasil está menos vulnerável ao risco no curto prazo, mas segue enfrentando incertezas em relação a condições financeiras e econômicas adversas.

Veja as notas de crédito do Brasil (ratings) em todas as agências de risco

Kayan Albertin/Arte g1

Segundo a agência, a piora na perspectiva da nota brasileira ocorreu por conta da situação das contas públicas, especialmente pela “deterioração acentuada na capacidade de pagamento da dívida” do país.

Além disso, a Moody's citou:

o avanço mais lento do que o esperado na redução da rigidez dos gastos públicos e na construção de credibilidade fiscal;

a capacidade limitada do governo de reduzir significativamente as vulnerabilidades fiscais e estabilizar a dívida no curto prazo;

e a estrutura da dívida pública, atrelada a juros variáveis e à inflação, o que torna o perfil fiscal altamente sensível às oscilações das taxas de juros.

“A capacidade do governo de reduzir de forma significativa as vulnerabilidades fiscais e estabilizar o nível da dívida no curto prazo continua limitada pela rigidez dos gastos e pelo aumento dos custos de financiamento”, escreveu a agência na ocasião.

Em nota emitida no mesmo dia, o Ministério da Fazenda reafirmou seu compromisso “com a melhoria contínua dos resultados fiscais e com o aprofundamento do processo de reformas estruturais, essenciais para garantir o maior crescimento econômico de longo prazo e assegurar o equilíbrio das contas públicas”.

* Com informações da agência de notícias Reuters.

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