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Nível do Rio Negro baixa dois centímetros em Manaus após mais de 250 dias seguidos de subida


A redução do nível foi registrada nesta quarta-feira (9) após o Rio Negro apresentar estabilidade, sem qualquer variação desde domingo (5). Rio Negro está próximo de alcançar cota de inundação severa em Manaus

O nível do Rio Negro em Manaus baixou dois centímetros e atingiu a marca de 29,03 metros nesta quarta-feira (9), segundo dados da Defesa Civil do Estado. É a primeira vez que o nível do rio apresenta queda após mais de 250 dias seguidos de subida das águas.

A cheia dos rios no Amazonas já afeta mais de 525 mil pessoas, segundo o boletim mais recente da Defesa Civil do Estado, divulgado na terça-feira (8). As comunidades atingidas enfrentam dificuldades para se deslocar, perdas na produção agrícola e alagamentos em suas residências.

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Com a nova atualização o rio ainda continua dois centímetros acima da cota de inundação severa, que foi superada no mês passado. De acordo com o Serviço Geológico do Brasil (SGB), a previsão é que o rio não atinja a marca histórica de 30,02 metros, registrada em 2021. A estimativa foi divulgada no 3º Alerta de Cheias da Bacia do Amazonas de 2025.

A redução do nível ocorre após o Rio Negro apresentar estabilidade, sem qualquer variação desde domingo (5). O processo de enchente teve início no dia 13 de outubro de 2024, após uma seca histórica enfrentada no estado.

Apesar da queda, o meteorologista e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Renato Senna, afirma que ainda não é possível cravar que o processo de vazante das águas tenha começado.

"Eu considero uma média móvel de no mínimo cinco dias sendo negativa. As variações diárias podem alterar um pouco mais, mas até ontem a média móvel era zero, indicando estabilidade", afirmou.

Historicamente, o rio costuma apresentar redução de nível na segunda quinzena de junho. De acordo com a pesquisadora em Geociências e superintendente regional do Serviço Geológico do Brasil (SGB), Jussara Cury, não é comum que neste período do ano o rio esteja nesse nível.

Ela explica que a cheia prolongada em Manaus é resultado direto de dois fatores principais: o acúmulo de chuvas na parte norte da bacia amazônica

“Nesse momento, estamos com chuvas concentradas na parte norte da bacia, o que inclui sub-bacias como a do Rio Negro e do Branco. Esse volume de água está sendo represado pelos níveis ainda altos do Solimões. Como os dois rios se encontram na região metropolitana de Manaus, o Rio Negro acaba ficando parado, sem conseguir escoar", explicou.

O monitoramento do Rio Negro é feito com base nas cotas de medição, tendo como referência a cheia recorde de 2021. Veja classificação abaixo.

🔴 Cota máxima registrada (2021): 30,02m

🟠 Inundação severa: 29,00m

🟡 Inundação: 27,50m

⚪ Alerta: 27,00m

Impactos seguem afetando população

O nível dos rios já impacta os trabalhadores e frequentadores do Centro de Manaus. O Mercado Municipal Adolpho Lisboa fica localizado em frente a orla do Porto de Manaus, às margens do Rio Negro, e recebe centenas de visitantes diariamente.

A travessa Tabelião Lessa, na lateral do local, faz a ligação da rua diretamente ao rio. Durante a cheia, a água costuma inundar a travessa e alagar as vias no entorno do mercado.

Foi o que aconteceu na rua dos Barés, que dá acesso a parte de trás do ponto turístico. Por lá, a água encobre o asfalto, preocupando motoristas e feirantes. Elielson Silva trabalha com o transporte de produtos e passageiros no Centro e disse que a situação o prejudica.

"Está atrapalhando a locomoção. Para a gente atravessar aqui só se for de canoa", ironizou. "Atrapalha tudo, a gente precisa transportar e daqui alguns dias ninguém passa mais", completou o motorista.

Centro de Manaus tem ruas alagadas após Rio Negro atingir cota de inundação severa

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Cenário no Amazonas

Até esta quarta-feira (9), 40 dos 62 municípios do estado estão em situação de emergência decretada pelo governo estadual devido ao fenômeno. Veja a lista:

Guajará - Rio Juruá;

Ipixuna - Rio Juruá;

Itamarati - Rio Juruá;

Eirunepé - Rio Juruá;

Juruá - Rio Juruá;

Carauari - Rio Juruá;

Boca do Acre - Rio Purus;

Borba - Rio Madeira;

Nova Olinda do Norte - Rio Madeira;

Apuí - Rio Madeira;

Humaitá - Rio Madeira;

Manicoré - Rio Madeira;

Novo Aripuanã - Rio Madeira;

Atalaia do Norte - Rio Solimões;

Benjamin Constant - Rio Solimões;

Santo Antônio do Içá - Rio Solimões;

Tonantins - Rio Solimões;

Amaturá - Rio Solimões;

Fonte Boa - Rio Solimões;

Maraã - Rio Solimões;

São Paulo de Olivença - Rio Solimões;

Japurá - Rio Solimões;

Tefé - Rio Solimões;

Coari - Rio Solimões;

Jutaí - Rio Solimões;

Careiro da Várzea - Rio Solimões;

Careiro - Rio Solimões;

Manaquiri - Rio Solimões;

Anamã - Rio Solimões;

Careiro - Rio Solimões;

Anori - Rio Solimões;

Caapiranga - Rio Solimões;

Itacoatiara - Rio Negro;

Itapiranga - Rio Negro;

Boa Vista dos Ramos - Rio Negro;

Santa Isabel do Rio Negro - Rio Negro;

Manacapuru - Rio Solimões

Uarini - Rio Solimões

Urucurituba - Rio Amazonas

Alvarães - Rio Solimões

Além dos municípios em emergência:

18 estão em estado de alerta;

e quatro em situação de normalidade.

Cheia do Rio Negro em Manaus.

William Duarte/Rede Amazônica

Uarini decreta situação de emergência devido a cheia do Rio Solimões

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