No programa da Ana Maria Braga, Alckmin diz que a 'negociação não terminou hoje, ela começa hoje'
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, afirmou que "a negociação [com os EUA] não terminou hoje, ela começa hoje".
Alckmin avaliou que mesmo após a formalização do tarifaço nesta quarta-feira (30), ainda há espaço para conversas. Segundo ele, o Brasil sempre esteve aberto ao diálogo.
"É um perde-perde. Nos atrapalha em mercado, emprego e crescimento, e encarece os produtos americanos", afirmou.
O decreto assinado nesta quarta pelo presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, elevou para 50% a alíquota sobre produtos brasileiros, mas também trouxe uma lista de quase 700 exceções que beneficiam segmentos estratégicos como o aeronáutico, o energético e parte do agronegócio.
De acordo com cálculos da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), com uma lista de exceções de 694 produtos que o Brasil exporta para os Estados Unidos do tarifaço, cerca de 43% das vendas feitas aos norte-americanos no ano passado não foram afetadas.
De acordo com o vice-presidente, cerca de 35,9% das exportações brasileiras serão afetadas pela tarifa de 50%, anunciada pelo presidente Donald Trump.
Isso ocorre, segundo ele, porque:
45% dos produtos foram retirados da lista de aumento pelos EUA, excetuados;
Aço e alumínio, que já tinham alíquota de 50%, assim permanecem;
Automóvel e autopeças tinham alíquota de 25% dos EUA ao mundo inteiro, e assim continuam.
Alckmin afirmou que os Estados Unidos precisam o café brasileiro, pois são grandes consumidores do produto. Ele adiantou também que vai trabalhar para excluir, além do suco de laranja, outras frutas do tarifaço, como a manga.
“Brasil é o maior exportador do mundo, maior produtor do mundo. Vai ter de buscar outros mercados, ou vamos trabalhar com os EUA, pois é um grande consumidor de café. E eles tomam aquele café grandão, eles precisam do nosso café arábica para o blend. Primeiro trabalhar para baixar a tarifa, eles não produzem café”, disse.
Quem se deu bem e quem se deu mal entre as exceções do tarifaço de 50% de Trump
Proteção aos empregos no país
O vice-presidente disse que o governo está fechando um plano de proteção aos empregos, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai “bater o martelo” sobre o assunto. Segundo ele, haverá um "conjunto de normas para preservar emprego e a produção”.
“Ninguém vai ficar desamparado. Os 35,9% efetivamente atingidos pela tarifa, dos 10% mais 40%, vamos lutar para diminuir", frisou.
"Não damos como assunto encerrado. Negociação mais forte começa agora. Segundo, vamos buscar alternativas de mercado. E terceiro, apoiar setores. Tem pescado muito atingido, mel, frutas, carne bovina e especialmente indústria. Essa é mais difícil de colocar. Tem indústria muito focada naquele mercado", prosseguiu Alckmin.
O vice-presidente, Geraldo Alckmin, durante cerimônia de assinatura de medida provisória que concede isenção da taxa de serviço metrológico para verificação de taxímetros.
Mateus Bonomi/Estadão Conteúdo
Sanções contra Moraes
Alckmin também mencionou a sanção contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes com a Lei Magnitsky.
Ele saiu em defesa da separação de poderes e da soberania nacional. Mencionou também a reunião feita pelo presidente com ministros do STF após as sanções contra Moraes.
Nesse sentido, reforçou o teor da nota publicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em solidariedade ao ministro do STF.
No comunicado desta quarta, o presidente brasileiro pontuou ser “inaceitável” a interferência de Trump no Judiciário brasileiro.
Lula, Alexandre de Moraes, Jais Bolsonaro e Donald Trump são os principais atores políticos da notícias de julho.
Evaristo Sa/AFP//Antonio Augusto/STF//Adriano Machado/Reuters//Patrick Semansky/AP