Jefferson Oliveira e Adriano Cetrone adotaram três irmãos biológicos em São José do Rio Preto (SP)
Arquivo pessoal
O dicionário define a palavra "família" como um núcleo social de pessoas reunidas por laços afetivos e relações solidárias. Mas, para um casal homoafetivo de São José do Rio Preto (SP), esse conceito ganhou um significado ainda mais importante após a decisão de adotar três irmãos biológicos. Neste domingo (10) de Dia dos Pais, eles celebram a bênção de poder conviver com os filhos em harmonia.
Os comerciantes Jefferson Oliveira, de 55 anos, e Adriano Cetrone, de 49 anos, se conheceram por meio de um amigo e estão juntos há 24 anos, mas nunca oficializaram a união em cartório.
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A falta de um documento que comprove o matrimônio não os impediu de buscar um sonho maior: a adoção.
A ideia partiu de Jefferson, e a intenção era constituir uma família, visto que ambos já moravam juntos. Depois de entrarem na fila e passarem por todos os trâmites legais, receberam a notícia que mudaria para sempre o destino deles.
Em entrevista ao g1, Jefferson contou que, em 2016, Kaio de Oliveira, Wellington de Oliveira e Sophia de Oliveira chegaram à casa deles e ressignificaram os objetivos dele e do esposo.
"Desde então, nossos filhos passaram a ser o foco principal na vida e tudo passou a ser voltado para eles", conta.
Jefferson Oliveira e Adriano Cetrone adotaram três irmãos biológicos em São José do Rio Preto (SP)
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'Família é pai, mãe e filho'
À época, a adaptação foi rápida e fácil. Mesmo que o amor, a alegria e a resiliência tenham crescido com o passar dos anos, a relação entre dois pais e três crianças ganhou novos desafios em meio ao preconceito da sociedade.
Uma das situações mais difíceis foi quando Kaio, o filho mais velho, estudava em uma escola evangélica de São José do Rio Preto e foi surpreendido com uma resposta depreciativa de um dos pastores que trabalhava na instituição de ensino.
"Uma vez, dentro da escola do meu filho mais velho, o pastor disse que 'família é pai, mãe e filho, o restante é pecado'", lembra Jefferson.
Após nove anos no novo lar, hoje, Kaio, de 18 anos, Wellington, de 17, e Sophia, de 14, já sabem como se proteger de qualquer tipo de ofensa.
"Hoje em dia, já é supernormal, mas, se for algo que menospreze, eu não deixo que falem da gente", diz Kaio.
Jefferson Oliveira e Adriano Cetrone adotaram três irmãos biológicos em São José do Rio Preto (SP)
Arquivo pessoal
O filho mais velho ainda relata à reportagem que muitas pessoas ficam surpresas ao descobrirem que ele tem dois pais e, no primeiro momento, algumas nem acreditam. Para ele, isso é um simples detalhe perto do sentimento que tem por Jefferson e Adriano.
"Eu amo meus pais e agradeço por tudo o que eles fizeram por mim e ainda fazem", finaliza o filho emocionado.
Adriano percebe que, quando a família vai ao shopping, ao supermercado ou a qualquer outro lugar público, o estranhamento das pessoas é mais comum entre os adultos do que entre as crianças.
Mas, em meio às barreiras das relações interpessoais, ele diz que, aos poucos, a sociedade está entendendo a importância de semear o amor, independentemente de qualquer laço sanguíneo ou herança genética. Se tivesse que viver tudo novamente, o pai diz que provavelmente não mudaria nada.
"Deus nos colocou esse desafio da forma que veio. Não sei se mudaria, pois os desafios são os mesmos sendo pais adotivos ou não. O meu objetivo principal e do Adriano é andar em sintonia entre os dois para não haver divergências nas decisões e na formação dos nossos filhos", finaliza.
Jefferson Oliveira e Adriano Cetrone adotaram três irmãos biológicos em São José do Rio Preto (SP)
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