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Pernambuco e prefeituras gastaram R$ 2,65 bilhões em festas desde 2022; confira artistas e festas que mais receberam verba


Novo painel de transparência mostra que cachês de artistas representam 73% das despesas com festividades. Ferramenta usa inteligência artificial para organizar dados das prefeituras e governo. Pernambuco e prefeituras gastaram R$ 2,65 bilhões em festas desde 2022

Prefeituras e o governo de Pernambuco empenharam R$ 2,65 bilhões em eventos festivos entre 2022 e o início de junho de 2025. O dado foi divulgado nesta quinta-feira (5) pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), com o lançamento de um novo "Painel Festividades", que detalha as despesas com shows, estrutura e logística das festas (veja vídeo acima).

A ferramenta permite visualizar os gastos por tipo de evento — como São João, Carnaval e Réveillon — e por categoria, como cachê de artistas, montagem de palco, som e iluminação. De acordo com o mecanismo, o São João foi a festa em que mais se investiu dinheiro público nesse período. Confira:

São João: R$ 584 milhões;

Carnaval: R$ 510 milhões;

Natal: R$ 52 milhões;

Réveillon: R$ 35 milhões.

O levantamento analisou mais de 112 mil empenhos (112.277) de 2022 até agora. Desse total, R$ 2,29 bilhões foram gastos por prefeituras e R$ 351 milhões pelo governo estadual.

Entre as informações já disponíveis, o painel aponta que 73% das despesas com festas nos últimos 12 meses foram destinadas a cachês de artistas. O maior valor individual foi pago ao cantor Wesley Safadão: R$ 980 mil por uma apresentação. Confira os artistas com os cachês mais caros nesse período:

Wesley Safadão: R$ 980 mil;

Gusttavo Lima: R$ 900 mil;

À vontade: R$ 800 mil;

Ana Castela: R$ 800 mil;

Jorge & Mateus: R$ 800 mil;

Leonardo: R$ 800 mil;

Calcinha Preta: R$ 750 mil;

Claudia Leitte: R$ 750 mil;

Alok: R$ 700 mil;

Luan Santana: R$ 700 mil;

Nattan: R$ 700 mil;

Victor & Leo: R$ 700 mil.

Segundo o presidente do TCE, Valdecir Pascoal, o painel tem o objetivo de promover um "choque de transparência", permitindo que qualquer cidadão possa acompanhar como os gestores aplicam recursos públicos nessas festividades.

"A ideia é estimular a transparência e o controle social. Um segundo propósito é que os gestores podem ter a referência. 'Eu vou contratar um determinado artista e, com base nos dados desse painel, ter a referência da contratação desse mesmo artista noutro município, noutro local'", afirmou Pascoal.

O painel foi desenvolvido com uso de inteligência artificial, que possibilita identificar e organizar dados que antes ficavam dispersos nas notas fiscais enviadas pelas prefeituras e pelo governo estadual.

"A mudança foi o avanço da inteligência artificial, que permitiu a gente conseguir processar o volume muito grande de dados que a gente tem dessas despesas, dos empenhos. Então, a gente não só identifica dentro do texto do empenho qual o artista, como a gente consegue agrupar os artistas que estão escritos de forma diferente", explicou Patrícia Lustosa, gerente de inteligência do TCE.

Palco Marco Zero, no Recife, em imagem de arquivo

Léo Caldas/g1

O painel também mostra que o total gasto com cachês saltou de R$ 271 milhões em 2022 para R$ 706 milhões em 2024 — um aumento de 160%. Os custos com estrutura, como palco, som e luz, também mais do que dobraram no período.

"Gastar com festividade, em si, não é uma irregularidade. Faz parte das despesas legítimas do município fazer gasto com festividade, porque tem a ver com cultura. Mas, o cidadão daquele município, sabendo como é que está a realidade da sua cidade, pode olhar no painel quanto o município está gastando com festividades e avaliar. Já aconteceu em algumas situações onde o município está com a folha de salários dos servidores atrasada e, ao mesmo tempo, gastando recursos consideráveis numa festividade", afirmou Diogo Souza, chefe do departamento de controle externo regional do TCE.

Em valores absolutos, o Recife foi o município com maior gasto: R$ 337 milhões entre 2022 e 2025, o equivalente a 15% do total estadual. Por habitante, o custo foi de cerca de R$ 226. Quando analisados os valores em relação à população, as cidades que mais gastaram foram as seguintes:

Goiana: R$ 1.155,25 por habitante;

Itapissuma: R$ 1.418,96 por habitante;

Buenos Aires: R$ 1.233,52 por habitante;

Itaquitinga: R$ 1.155,25 por habitante;

Tracunhaém: R$ 1.106,21 por habitante.

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