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Polícia Federal prende esposa de policial civil de SP acusado de ligação com PCC no caso Gritzbach


Daniella Bezerra dos Santos, mulher do agente da Polícia Civil Rogério de Almeida Felício, o ‘Rogerinho’, é suspeita de lavar dinheiro da facção. Defesa dela não foi localizada. Danielle Bezerra dos Santos, casada com o investigador de polícia Rogério de Almeida Felício, o Rogerinho.

Reprodução/Instagram

A Polícia Federal prendeu nesta quarta-feira (4) Daniella Bezerra dos Santos, mulher do agente da Polícia Civil Rogério de Almeida Felício, o "Rogerinho". Ela é acusada de envolvimento na investigação que apura a participação de policiais civis com os esquemas do empresário com Vinicius Gritzbach.

Daniella estava foragida e é suspeita de lavar dinheiro para criminosos que atuavam junto com Gritzbach para a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). A defesa dela não foi localizada pela reportagem.

Em fevereiro, a esposa de policial já tinha sido denunciada pelo Ministério Público de SP (MP-SP) como participante do esquema criminoso que contava com participação de vários policiais civis, incluindo o marido dela.

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O MP-SP diz que a mulher do policial atuava “no contexto das atividades ilícitas da organização” para “lavagem de capitais do produto e proveito do crime de tráfico de drogas e outros crimes correlatos praticados por seus integrantes”.

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Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), ela teria atuado diretamente “para ocultar provas e objetos dos crimes ligados ao seu companheiro e também denunciado Rogério de Almeida Felício”.

Áudios obtidos pelo g1 mostram que Danielle tinha pleno conhecimento das atividades criminosas do marido. Rogerinho era segurança do cantor sertanejo Gusttavo Lima, tendo prestado serviço em alguns eventos e shows do artista.

Mensagens de Danielle Bezerra interceptadas pela investigação do MP-SP, onde ela fala do marido, acusado de envolvimento com o PCC.

Reprodução/Instagram

Numa das gravações, ela diz ao pai:

“Pai, essa conta que tá o dinheiro é uma conta que o Rogério tem que usa para pagar as contas, entendeu? É uma conta empresarial que ele comprou. Ele comprou essa empresa. Não tem vínculo nenhum com o CPF dele, com o meu CPF… então é uma conta que pode cair o quanto de dinheiro que for, entendeu? Que não tem problema nenhum de justificar, de colocar imposto de renda. É uma conta que você pode usar, entendeu? Pensa como se fosse uma conta de laranja.”

Segundo os investigadores, antes de ser casada com Rogério, Danielle se relacionou com outros dois integrantes da cúpula do PCC — Felipe Alemão, traficante de drogas no ABC paulista, e Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo, preso por suspeita de planejar o sequestro do senador Sérgio Moro (União Brasil).

A investigação descobriu que, após o assassinato de Nefo, Danielle passou a cobrar dívidas do ex-companheiro. E tinha a ajuda do atual marido.

Numa gravação, Rogério diz a Danielle que vai pedir autorização do PCC para cobrar as dívidas.

“Eu vou falar com o Ronald, amor, e vou dar um toque, vou lá encostar com ele. Vou trocar uma ideia, vou falar: ‘Deixa com nois (sic)?’. Se ele falar, ‘Deixa com nois (sic), é com nois (sic). Aí eles lavam as mãos e já era. Vai ser de outro jeito”.

Danielle Bezerra dos Santos, casada com o investigador de polícia Rogério de Almeida Felício, o Rogerinho.

Reprodução/Instagram

Em outra gravação, Rogério diz à mulher que vai agir com violência: “Estava até falando com o Ronald, ontem. Qualquer coisa eu ia encostar com a viatura e a hora que esse Marcelo falar… a hora que esse Roni falar eu vou lá no bar dele, vou dar um cacete nele lá no bar, que é pra ele acreditar. Vou parar a viatura caracterizada lá e vou ficar o dia inteiro. Vai ver se vai encostar algum malandro lá”.

Na denúncia, os promotores acusam Danielle de organização criminosa e lavagem de dinheiro e pedem à Justiça a prisão preventiva dela. O juiz ainda não se manifestou sobre o pedido.

Numa das mensagens descobertas pelos investigadores do MP, a esposa de Rogério conversa com uma amiga. As duas falam sobre o fato de “casar com polícia e bandido dar no mesmo”, no que Danielle responde: "Com polícia a hipocrisia é maior. Rouba de quem rouba e paga de santo”.

O investigador de polícia Rogério de Almeida Felício, o Rogerinho, ex-segurança do cantor Gusttavo Lima.

Reprodução/Redes Sociais

Execução no Aeroporto Internacional de SP

Vinicius Gritzbach foi morto em 8 de novembro ao desembarcar no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.

O empresário do ramo imobiliário era investigado por lavar dinheiro do PCC e havia feito um acordo de delação premiada com o Ministério Público para não ser condenado por associação criminosa. Responderia somente pela corrupção.

Em troca, Gritzbach revelou os nomes das pessoas ligadas à facção criminosa e à polícia que extorquiram dinheiro dele. Essa investigação está sendo feita pela Polícia Federal (PF).

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