Policial militar é demitido após assaltar entregador por aplicativo
O policial militar Luiz Fernando Nascimento foi demitido do cargo na última sexta-feira (18) pela Controladoria-Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança do Ceará (CGD) após ser condenado na Justiça por assaltar um entregador por aplicativo em Fortaleza. A demissão de Luiz Fernando foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE). Cabe recurso.
Conforme depoimento do entregador, o crime aconteceu no dia 27 de julho de 2022 no bairro Benfica. O homem realizava entregas de bicicleta, por meio de aplicativo, e parou na rua para contar o dinheiro recebido. Nesse momento, dois homens em uma moto o abordaram e anunciaram o assalto.
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Segundo depoimento do entregador, os criminosos levaram cerca de R$ 600 do dinheiro das entregas e o celular que ele usava para trabalhar. O assaltante que estava na garupa da moto era justamente o policial Luiz Fernando.
Luiz e o comparsa iniciaram uma fuga, mas uma pessoa não identificada, que seria um policial à paisana, atirou contra os dois. Com o disparo, os dois criminosos caíram da moto. Luiz Fernando foi atingido no braço
Mesmo baleado, o agente correu para uma rua próxima. Uma viatura da Polícia Militar que estava no bairro foi acionada após os tiros e encontrou Luiz Fernando, que se apresentou como policial e disse que teve a arma roubada.
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Rafaela Duarte/SVM
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Contudo, a equipe da PM foi alcançada pelo entregador assaltado, que reconheceu Luiz Fernando como o assaltante. Com ele, foi encontrada uma arma de fogo. Ele foi preso em flagrante e denunciado pelo crime de roubo majorado com uso de arma.
Luiz Fernando foi condenado em primeira instância a 8 anos e 4 meses de prisão, além de pagamento de multa. Ele recorreu ao Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), que em outubro de 2023 manteve a decisão. A defesa também recorreu ao Superior Tribunal de Justiça, que igualmente manteve a pena.
Em março de 2023, a CGD abriu uma investigação administrativa contra Luiz. O resultado foi publicado na última sexta-feira, com a decisão pela demissão do policial militar. No texto, o corregedor-geral, Rodrigo Bona, destaca que as ações do servidor são incompatíveis com o cargo.
"Tais condutas representam grave afronta às normas e regulamentos que orientam a atuação de um policial militar, evidenciando clara violação à ética profissional, à integridade e à honra exigidas para o exercício da função. Torna-se, portanto, evidente a incompatibilidade do aconselhado com a permanência nos quadros da Polícia Militar do Estado do Ceará. Destaca-se, ainda, que suas ações não apenas infringiram a lei, mas também comprometeram a imagem institucional da PMCE e abalaram a confiança da sociedade, a qual o servidor jurou proteger e servir", escreveu Bona.
Após a publicação da demissão, Luiz Fernando tem dez dias para recorrer da perda do cargo. A reportagem não conseguiu localizar a defesa dele.
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Rafaela Duarte/SVM
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