Presidente viajou para Minas Gerais para anunciar avanços do Novo Acordo Rio Doce, homologado no ano passado, que prevê ações de reparo nas regiões que foram atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão, da Samarco. Presidente Lula defende prefeito de Mariana após vaias
Durante a visita à cidade de Mariana na manhã desta quinta-feira (12), na região Central de Minas Gerais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu o prefeito do município, Juliano Duarte (PSB) das vaias vindas do público (veja vídeo acima).
O presidente está em Minas Gerais para anunciar avanços do Novo Acordo Rio Doce, homologado no ano passado.
O prefeito foi vaiado enquanto tentava falar sobre as dificuldades que o município de Mariana vivenciou após a tragédia provocada pelo rompimento da barragem de Fundão, da Samarco.
O presidente interviu e pediu que participantes não o hostilizassem e que guardassem as diferenças para o período eleitoral, mas não em um dia histórico para a cidade mineira.
"Deixa eu pedir um favor pra vocês, esse momento é histórico para a cidade de Mariana e Minas Gerias. Quando começar a campanha política, faça sua parte, mas hoje não. Hoje ele [prefeito] é nosso convidado, não tem sentido o presidente convidar uma autoridade e ele ser mal recebido. Não está proibida a liberdade de expressão, é só responsabilizando a liberdade de expressão", disse Lula.
Após o ocorrido, o prefeito agradeceu o presidente e continuou sua fala sobre o impacto que o rompimento causou em diversas áreas da cidade.
"Desde o dia 5 de novembro de 2015, nenhum presidente pisou em Mariana, e hoje vossa excelência volta para celebrar esse acordo. Nossa gratidão e nosso respeito. Foi o maior crime ambiental do mundo e isso precisa ser documentado", disse Juliano.
Presidente Lula (PT) e prefeito de Mariana, Juliano Duarte (PSB)
Reprodução/TV Globo
Acordo de Mariana
Às vésperas de o rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, completar nove anos, o novo acordo de reparação dos danos causados pela tragédia foi assinado, em outubro de 2024.
As tratativas sobre a repactuação começaram há mais de três anos. A expectativa inicial era de que ele fosse assinado em 2021, mas impasses sobre valores e cláusulas adiaram a conclusão.
A barragem de Fundão rompeu em 5 de novembro de 2015. Cerca de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração destruíram comunidades e modos de sobrevivência, contaminaram o Rio Doce e afluentes e chegaram ao Oceano Atlântico, no Espírito Santo. Ao todo, 49 municípios foram atingidos, direta ou indiretamente, e 19 pessoas morreram.
Em 2016, a Samarco e suas controladoras, Vale e BHP, firmaram um acordo com os entes públicos para a reparação dos danos e a compensação dos impactos causados pela tragédia, por meio da Fundação Renova. No entanto, as ações executadas até então são consideradas insuficientes.
Nove anos depois, mais de 100 famílias que tiveram que deixar suas casas por causa do colapso da barragem ainda não foram reassentadas. As instituições de Justiça também apontam problemas no pagamento de indenizações aos atingidos e na recuperação do meio ambiente.
Por isso, um novo acordo começou a ser costurado. Nos últimos meses, após discordâncias sobre o valor terem suspendido as conversas entre as partes, as negociações foram retomadas e aceleradas, sob mediação do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6).
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