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Região de Sorocaba atinge o menor número de homicídios e roubos em 25 anos, mas casos de violência contra a mulher aumentam; confira


Conforme a SSP, a região de Sorocaba (SP) registrou em fevereiro o menor número de homicídios e de roubos dos últimos 25 anos. Por outro lado, casos de violência contra a mulher aumentaram. Plantão policial - delegacia da zona sul de Sorocaba (SP)

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A região de Sorocaba (SP) registrou, em fevereiro, o menor número de homicídios e de roubos dos últimos 25 anos. A informação foi divulgada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) e incluiu registros de 79 municípios que pertencem à área do Departamento de Polícia do Interior (Deinter-7).

Embora os dados sobre homicídios e roubos demonstrem o menor índice nas últimas duas décadas, os casos de violência contra a mulher aumentaram consideravelmente nos últimos anos.

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De acordo com a SSP, em fevereiro foram registrados 12 casos de homicídio dolosos na região de Sorocaba. No mesmo mês do ano passado, foram 22 casos. Já os roubos em geral, que incluem os de carga e banco, passaram de 226 para 193 este ano, com uma queda de 14,6%. Conforme a pasta, foi a menor marca do crime em fevereiro em 25 anos.

Os furtos de veículos também tiveram queda no período neste período. O índice passou de 236 para 210, diminuição de 11%.

O g1 conversou com a advogada criminalista e presidente da Comissão de Direitos e Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Sorocaba, Danielli Del Cistia, que analisou as reduções atingidas e a sensação de insegurança que ainda é relatada por moradores da região de Sorocaba.

"São números relevantes, principalmente considerando que essa queda representa a menor taxa em 25 anos. No direito penal, a análise da criminalidade envolve não apenas os números absolutos, mas também os fatores que levaram a essa redução, como políticas públicas de segurança, reforço no policiamento, ações preventivas e mudanças no comportamento social. É fundamental avaliar se essa queda é consistente ao longo do tempo e se há variações sazonais ou localizadas dentro da própria região", analisa.

Queda nos números, mas aumento da insegurança

Em 14 de março, uma idosa de 71 anos foi encontrada morta e com marcas de violência em sua casa, em Sorocaba. Após o crime, moradores do bairro onde a idosa morava organizaram uma "manifestação silenciosa" em homenagem à ela e pedindo mais policiamento nas redondezas do bairro por conta da insegurança com o aumento da violência na região.

Grupo se reuniu com cartazes e velas em praça no bairro Cerrado em Sorocaba (SP)

Victor Cardoso/TV TEM

Para a advogada, diversos fatores influenciam a percepção de insegurança ou de impunidade relatada pela população. O impacto psicológico que os crimes violentos costumam causar também contribui para que as pessoas se sintam mais expostas à criminalidade.

"O aumento de crimes que impactam a vida cotidiana, como furtos e golpes, também podem influenciar essa percepção. A sensação de segurança também está ligada à presença policial, iluminação pública, estrutura urbana e atendimento eficaz à quem foi vítima de um crime".

A especialista aponta ainda que a redução na criminalidade deve vir acompanhada de investigações policiais promissoras, de prevenção e de apoio às vítimas: "Reduções contínuas e sustentáveis ao longo dos anos, aliadas a um aumento na sensação de segurança da população, são indicativos de um combate eficaz à criminalidade".

Região de Sorocaba registrou em fevereiro o menor número de homicídios e de roubos dos últimos 25 anos

Divulgação/Polícia Civil

Violência contra a mulher

Por outro lado, as delegacias seccionais da região de Sorocaba registraram aumento de casos de estupro. Nos primeiros dois meses de 2025 foram registrados 300 casos, enquanto no mesmo período do ano passado foram 213 registros. O número de casos de feminícidios foi igual em fevereiro de 2023 e 2024: quatro registros.

Para a advogada, os dados demonstram que a violência contra a mulher permanece sendo um desafio para a segurança pública e também para a sociedade.

"Esses crimes, muitas vezes subnotificados, refletem uma realidade que exige políticas públicas mais eficazes, como o fortalecimento de redes de apoio, proteção às vítimas, combate à cultura de violência de gênero e a implementação de novas medidas que possam garantir o acolhimento dessas mulheres, bem como a efetiva segurança da vítima. A impunidade e a falta de medidas preventivas eficazes e eficientes também são fatores que agravam esse cenário."

Caso é investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Sorocaba (SP)

Victor Cardoso/TV TEM

Sorocaba registrou mais de 500 ocorrências de violência doméstica somente no mês de março, de acordo com a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). Outro desafio apontado pela especialista é o combate a este tipo de crime.

"Além da necessidade de enfrentar o crescimento de crimes cibernéticos e fraudes, a violência doméstica também é uma questão preocupante, exigindo políticas específicas. Outro ponto crítico é a reincidência criminal, que demonstra a necessidade de medidas mais eficazes de ressocialização", pontua.

Danielli Del Cistia, advogada criminalística e presidente da Comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB Sorocaba, analisou as reduções atingidas

Arquivo Pessoal

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A advogada explica que o combate à criminalidade não depende apenas da repressão à violência, mas também de políticas públicas que permitam que grupos mais vulnerável tenham acesso à educação e emprego.

"São ações preventivas, como criar programas sociais voltados a jovens em situação de vulnerabilidade. Ampliar políticas de proteção à mulher, fortalecendo delegacias especializadas e redes de apoio às vítimas. Além disso, combater à impunidade, trabalhar para que os processos criminais sejam mais rápidos e efetivos", explica.

"O sucesso no combate ao crime depende de um esforço conjunto entre sociedade, governo e instituições de segurança pública, garantindo uma abordagem eficiente e humanizada", completa.

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