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Tarifaço: Exportadores brasileiros impactados por decisão de Trump negociam custo extra com clientes americanos


Exportadoras brasileiras atingidas pelo tarifaço negociam custo extra com clientes americanos

Empresas exportadoras brasileiras atingidas pelo tarifaço de 50% estão negociando o custo extra com os clientes americanos.

As cinco prensas gigantes encomendadas por uma fabricante de carros dos Estados Unidos já estão prontas para serem despachadas.

As cinco prensas gigantes encomendadas por uma fabricante de carros dos Estados Unidos já estão prontas para serem despachadas.

Jornal Nacional

O Luciano explica que o contrato assinado há dois anos com os americanos previa que a fábrica administrada por ele arcasse com todos os custos — desde a produção, passando pelo frete e o pagamento de impostos e até a montagem dos equipamentos.

A entrega estava prevista para setembro. Mas a tarifa de 50% imposta por Donald Trump travou a exportação dos equipamentos produzidos em Diadema, na Grande São Paulo.

“Nós estamos falando de um projeto de R$ 150 milhões. Então nós estamos falando de 50% desse valor. Se você olhar a margem de um produto desse, ela não cobriria uma perda dessa magnitude. A gente conseguiu postergar isso para o próximo ano. Então, está dando um tempo para gente, na esperança de que seja negociada uma redução dessa tarifa para a gente poder acomodar esse projeto", comenta Luciano Duque, diretor-presidente da empresa.

De forma geral, quando um exportador brasileiro fecha contrato com um importador dos Estados Unidos, a carga vai daqui para lá de avião ou de navio. Durante as negociações, as duas partes decidem quem vai pagar os impostos para a alfândega dos Estados Unidos. Há setores em que o comprador prefere pagar. Em outros, a responsabilidade fica com o vendedor. O problema é que muitos contratos foram assinados antes do tarifaço. E as encomendas estão prontas ou em produção

O professor de Direito da FGV afirma que, diante desse cenário, será preciso renegociar. E que existem justificativas jurídicas para buscar um novo acordo.

"É o vendedor alegar e mostrar que houve uma decisão de um governo fora do seu controle, que ele não podia prever, né? E isso causou um desequilíbrio e ele, portanto, não pode ser responsabilizado. Isso pode causar o encerramento de relações que levou bastante tempo para construir, não é? E que pode depois não ser fácil recuperar", diz Rabih Nasser, professor da FGV Direito SP.

A Rachel começa a colher o café produzido em Minas Gerais só em maio. Mas alguns clientes já pediram uma revisão dos contratos. No caso dela, a produção é entregue aos compradores no porto de Santos, e são eles os responsáveis por pagar os impostos.

“Tem alguns clientes até que nos questionaram a possibilidade de dividir essa despesa extra, né? Para gente é muito complicado arcar com esse prejuízo mesmo. Mas, ao mesmo tempo, eu não posso perder esse cliente também, né? A gente está nesse momento de conversar, de tentar achar uma solução. Até a possibilidade de passar esse café para algum outro mercado e, de lá, ser enviado para os Estados Unidos a uma taxa menor. Porque para gente é muito importante", diz Rachel Meireles, produtora de café.

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