Morte de madre francesa que educou meninas pobres em Itu completa 100 anos

Em 1859, a venerável irmã Maria Teodora Voiron, que junto das Irmãs de São José de Chambéry assumiu os cuidados da Igreja de Nossa Senhora do Patrocínio, em Itu (SP). Em 2025, 166 anos depois, a morte dela completou um século e teve uma semana de celebração no município.

Em Itu, as irmãs foram responsáveis pela fundação do primeiro centro educacional dedicado à educação feminina, o Colégio São José.

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“Irmã Teodora era uma mulher muito perspicaz, ousada em muitas das coisas que fazia. Em 1864, ela abriu uma sala de aula para meninas negras e brancas pobres. Na época, os barões não gostavam de vê-las juntas por causa da escravidão, mas a irmã tratava todas como iguais. Ela preparava as meninas para a formação geral aprendiam idiomas, piano, costura, entre outras atividades”, explica a reverenda irmã Luiza Rodrigues, superiora da comunidade Nossa Senhora do Patrocínio.

Documentos que ajudam a contar a história de madre Maria Teodora mostram que seu objetivo era formar mulheres com papel ativo na sociedade, pensando além do que a época permitia.

Atualmente, Isolene Sena é diretora do Colégio Nossa Senhora do Patrocínio. Ela conta que cada canto do local ainda carrega traços do legado da irmã, que ajudou a transformar a educação em Itu (SP). O colégio busca manter vivo o propósito de formar pessoas para um futuro melhor.

“É um misto de alegria e muita responsabilidade. Hoje atendemos 260 crianças. Precisamos pensar no desenvolvimento delas, contribuir com os pais e com a escola para prepará-las para a vida, para que possam almejar um futuro melhor”, comenta Isolene.

O colégio conta ainda com um memorial que preserva objetos usados pela religiosa, como cartas, escrivaninha, livros, documentos, cadernos, sapatos, o hábito e até a cadeira de rodas que foi sua companheira por cinco anos após fraturar o fêmur.

A irmã morreu em 1925, após anos dedicados ao ensino em Itu (SP). Em 1989, foi declarada venerável pelo papa João Paulo II, após a Santa Sé reconhecer suas virtudes heroicas. Atualmente, o processo de beatificação está em andamento. Para isso, é necessária a comprovação de um milagre atribuído à madre.

Enquanto isso, para muitos, irmã Maria Teodora já é considerada santa pelas ações que realizou e pelo carinho demonstrado aos mais necessitados.

Esse amor motivou duas mulheres a doarem parte de seu tempo para catalogar cartas enviadas ao memorial com agradecimentos e pedidos de intercessão. Dona Glória e Dona Maria Helena já analisaram mais de 32 mil testemunhos de fé vindos de várias partes do mundo.

“Muitas cartas vieram em outros idiomas, como francês, espanhol e inglês. Acredito que foram escritas por pessoas que viveram no Brasil e depois se mudaram. Como as Irmãs de São José têm origem na França e se espalharam pelo mundo, levaram com elas a devoção à madre Teodora. São pedidos de cura para vários tipos de doenças e também agradecimentos”, conta Glória Bragagnolo.

As pastas do arquivo guardam de 100 a 150 cartas cada, somando mais de 80 mil escritos com relatos de devoção. Helena Dias Stemman lembra que a fé começou cedo, dentro de casa a avó dela foi aluna de madre Teodora.

“Ela estudou no colégio. Tenho uma lembrança muito boa de tudo. Morei fora do país e voltei porque queria ajudar a contar essa história. Continuo até hoje doando meu tempo para a causa da irmã Maria Teodora Voiron”, afirma.

Durante as comemorações dos 100 anos da morte da irmã, o papa Leão XIV enviou uma carta às Irmãs de São José de Chambéry, expressando apreço pelas homenagens e afirmando que continua rezando pelas celebrações e pela congregação.

Dona Glória Gragagnolo e dona Helena Dias Stemman

Reprodução/TV TEM

Retrato da venerável irmã Teodora no local onde encontra-se seus restos mortais na igreja Nossa Senhora do Patrocínio em Itu

Reprodução/TV TEM

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