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Vereador tem mandato cassado depois de invadir sala vermelha de unidade de saúde de Felício dos Santos

De acordo com a Câmara Municipal, o parecer final da Comissão Processante que recomendava a cassação do mandato de Wladimir Canuto foi aprovado após votação nominal dos oito parlamentares presentes, sendo todos favoráveis à perda de mandato por quebra do decoro parlamentar. Sessão foi realizada nessa quinta-feira (17). Câmara decide cassação de vereador que invadiu Sala Vermelha em Felício dos Santos

Wladimir Antônio Canuto (Avante), vereador de Felício dos Santos, teve o mandato cassado pela Câmara Municipal na noite dessa quinta-feira (17). Ele era investigado por invadir a sala vermelha de uma unidade de saúde durante o atendimento a um paciente em estado grave. Relembre o caso abaixo.

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De acordo com a Câmara, o parecer final da Comissão Processante que recomendava a cassação do mandato do vereador foi aprovado após votação nominal dos oito parlamentares presentes, sendo todos favoráveis à perda de mandato por quebra do decoro parlamentar.

Durante a sessão, a Comissão Processante apresentou um documento que relatou que houve “infrações ao artigo 7º, inciso III, do Decreto-Lei 201/1967, combinado com o artigo 34, inciso I, parágrafo primeiro da Lei Orgânica do Município de Felício dos Santos e com o artigo 40, inciso II, parágrafo primeiro do Regimento Interno da Câmara Municipal”.

O resultado foi lido pelo presidente da casa legislativa, Arthur Gabriel Nascimento Rocha (PRD). A decisão será encaminhada para a Justiça Eleitoral.

Vereador interrompe atendimento a paciente grave e causa confusão em unidade de saúde de MG

O que diz Wladimir

Em contato com a Inter TV, o vereador disse que já esperava pela decisão tomada nessa quinta e que tomará as medidas cabíveis.

"Esse resultado já era esperado [...] Essa votação já era esperada porque querem me calar a qualquer custo. Não é a primeira vez que tentam cassar meu mandato, não. Já estou em meu quarto mandato e em outros mandatos anteriores já passei por tudo isso e sempre voltei com ordem judicial. Em momento oportuno, a minha assessoria jurídica vai entrar com mandado de segurança na Justiça e vamos aguardar a decisão judicial".

Relembre o caso

Wladimir Canuto interrompeu o atendimento a um paciente grave ao invadir a sala vermelha de uma unidade de saúde no dia 3 de fevereiro deste ano. O paciente, que tinha 93 anos, morreu momentos após a confusão.

Conforme o boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar, os profissionais de saúde do local relataram que sofreram perturbação do trabalho causada pelo vereador.

Consta no registro que, mesmo após ter sido informado que a equipe médica estaria em atendimento de emergência a um paciente cardíaco, o parlamentar acessou os corredores do hospital e entrou em um consultório. Logo após encontrar um médico dentro da sala, o vereador gritou pelos corredores que o profissional estava utilizando um aplicativo de mensagens no horário de serviço.

Em seguida, de acordo com o registro feito pela PM, Wladimir se dirigiu a um local destinado aos casos urgentes, chamado de "sala vermelha", e foi advertido que não poderia entrar devido a um atendimento que estava sendo realizado. Mesmo após a recomendação, ele teria entrado na sala e questionado a demora no atendimento aos demais pacientes.

Aos policiais militares, a médica que atendia o paciente grave informou que “estavam em atendimento na sala de urgência denominada ‘sala vermelha’ a um paciente em arritmia cardíaca grave, e que, pelo seu estado de saúde demandava naquele momento atenção total no acompanhamento de precisão através de monitor pelo tratamento de cardioversão química e teve sua atenção desviada para responder ao questionamento do vereador”.

Ainda segundo o relato da médica à Polícia Militar, “o vereador agiu com extrema arrogância e desleixo quanto ao risco do paciente, o que desestabilizou a equipe e impediu que o monitoramento fosse contínuo, e, embora tenha retornado pouco tempo depois as atenções ao monitoramento do paciente, este veio a óbito logo em seguida”.

Na declaração de óbito do paciente, consta que a morte foi causada por “bloqueio átrio ventricular total”.

Wladimir Canuto disse à época, por meio de um vídeo postado em uma rede social, que foi chamado por moradores para verificar a demora no atendimento em um centro de saúde da cidade.

“Quando cheguei lá tinha pessoas aguardando atendimento desde às 14h e já eram 16h30. Eu sou fiscal do município. Abri a porta e vi o médico sentado na cadeira e mexendo no celular. Perguntei se a emergência era online. Nisso virei as costas e fui ver o outro médico em outra sala. Eu simplesmente abri a porta, eu não entrei, vi que tinha muita gente e perguntei: ‘tem médico aqui nessa sala?’ A médica falou ‘eu sou a médica’, então fechei a porta e saí”.

Segundo o vereador, houve um desentendimento com a enfermeira que o acompanhava dentro da unidade de saúde porque ela teria dito que os dois médicos estavam atendendo a uma urgência.

“A enfermeira mentiu, falou que os dois médicos estavam atendendo a uma urgência, e quando eu chego lá, um médico sentado na sala sozinho, com a porta fechada mexendo no celular. Aí eu falei com ela: ‘você mentiu. Os dois não estão atendendo urgência. A médica está atendendo urgência e o outro tinha que estar atendendo a fila. E ela não gostou”.

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