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Agressão em elevador no DF foi registrada como lesão corporal; polícia descarta tentativa de feminicídio


Homem espanca mulher com dezenas de socos e cotoveladas em elevador no DF

O empresário Cléber Lúcio Borges, de 55 anos, acusado de agredir a companheira dentro de um elevador no Distrito Federal foi indiciado por lesão corporal. De acordo com a Polícia Civil, uma reclassificação para tentativa de feminicídio está descartada.

"Ele quis agredir, machucar, causar lesões de forma brutal e covarde, mas não demonstrou intenção clara de matar a vítima ou tirar a vida dela. Essa é a questão", afirmou o delegado Marcos Loures ao g1.

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O crime foi enquadrado na Lei Maria da Penha, que prevê medidas de proteção e punições para casos de violência doméstica e familiar contra a mulher.

Para a Polícia Civil, o caso não se enquadra como tentativa de feminicídio, já que, segundo o delegado responsável, não houve indícios claros de intenção de matar.

A vítima foi ouvida de forma "informal" no hospital. Ela confirmou as agressões, mas disse que não queria medidas protetivas. Nesse tipo de situação, a lei determina que a ação penal seja pública incondicionada — ou seja, mesmo que a vítima não registre denúncia formal, o processo segue normalmente (saiba mais abaixo).

O prontuário médico, que deve detalhar exames e possíveis fraturas, foi solicitado para avaliar a gravidade das lesões.

"A polícia, a Justiça, o Ministério Público vão agir independentemente da vontade da vítima. Pra quê? Pra garantir a segurança e preservar a vida dessa mulher", disse o delegado.

Entendimento do caso no DF é diferente de agressão no RN

Ex-jogador de basquete é preso por agredir namorada com 60 socos

Em julho de 2025, no Rio Grande do Norte, um homem foi preso após agredir a namorada com mais de 60 socos. O caso foi entendido como tentativa de feminicídio.

"No primeiro momento, quando chega uma situação dessa, a gente não sabe dimensionar a situação, como é que a vítima se encontra, se é uma lesão corporal ou se é uma tentativa de feminicídio", explicou a delegada Victória Lisboa, da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher de Natal, que acompanha o caso no RN.

Segundo a delegada, o rosto da vítima ficou bastante machucado. "Ao manter contato com a vítima, creio eu, a delegada do plantão entendeu por tentativa de feminicídio, uma vez que ela estava muito lesionada, o rosto completamente desfigurado", completou.

Já no Distrito Federal, o delegado responsável pelo caso entendeu que a agressão, embora grave, não configura tentativa de feminicídio, por não haver indícios claros da intenção de matar a vítima.

Ao final da investigação, o caso será encaminhado ao Ministério Público do DF, que poderá adotar entendimento diferente na apresentação da denúncia ao Tribunal de Justiça, podendo optar por outro enquadramento jurídico conforme as provas e análises do processo.

Proteção da vítima

Em 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) definiu que processos ligados à Lei Maria da Penha não dependem da vontade da vítima.

A delegada Karen Langkammer, diretora da Divisão Integrada de Atendimento à Mulher (DIAM), explica que nem sempre a gravidade da agressão é visível no primeiro momento.

“Uma lesão corporal, a partir do aprofundamento da investigação, pode revelar todos os elementos para o enquadramento como tentativa de feminicídio, mesmo sem a manifestação da vítima. Isso ocorre porque a lei protege a vida e a integridade da mulher”, afirma.

O Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) informou que ainda não houve pedido de medida protetiva porque, inicialmente, a vítima estava internada e o agressor, preso.

O órgão afirma que o caso seguirá sendo monitorada para reavaliação. De acordo com a Lei Maria da Penha, o juiz pode conceder medidas protetivas de urgência a pedido do Ministério Público ou mesmo de ofício, ou seja, sem que haja solicitação da vítima.

Cotoveladas e socos

Cleber Lúcio Borges, de 55 anos, agrediu a companheira dentro de elevador no Guará

reprodução

As imagens são da madrugada da última sexta-feira (1º), no Guará. A vítima chama o elevador e, quando as portas se abrem, é surpreendida pelo companheiro – que já aparece dando um soco.

Dentro do elevador, as agressões continuam. A mulher leva mais socos e cai no chão. Depois, se levanta e tenta reagir, dando tapas no companheiro. Em resposta, leva mais socos e cotoveladas.

A cena dura quase quatro minutos. Quando as portas do elevador se abrem novamente, o homem sai — e a mulher, ainda caída, aperta os botões de outro andar.

Cléber Lúcio é empresário do ramo de móveis e tem empresas no Distrito Federal e em Goiás. Ele foi preso nesta semana, tanto pela agressão quanto por manter armas e munição em casa sem autorização.

Em nota, a defesa de Cléber Lúcio afirmou que vai se manifestar na Justiça, no decorrer do processo e que o caso ainda está em apuração.

Linha do tempo após a agressão

Domingo (3): a mãe da vítima denunciou a agressão à Polícia Civil.

Quarta-feira (6): Cleber Lúcio Borges foi preso no apartamento onde vivia com a vítima. Policiais encontraram 2 armas de fogo sem registro e mais de 500 munições para diferentes calibres.

Quarta-feira (6): Ministério Público do DF (MPDFT) e o Tribunal de Justiça do DF (TJDFT) pediram o prontuário ao hospital com informações sobre exames, laudos e procedimentos realizados no atendimento da vítima.

Quinta-feira (7): Cleber Lúcio Borges fica em silêncio durante depoimento e é levado para o Complexo Penitenciário da Papuda. Homem cumpre prisão preventiva.

O que diz o agressor

Leia abaixo a nota enviada à TV Globo pelo advogado Thyago Batista Ribeiro, que atua na defesa de Cléber Lúcio:

"A defesa técnica do investigado informa que as manifestações necessárias ocorrerão nos autos do processo. O caso está em fase de apuração, e as condutas mencionadas em reportagem ainda não foram objeto de denúncia. Todas as medidas de defesa cabíveis estão sendo tomadas. O investigado tem total interesse na elucidação dos fatos e reitera sua idoneidade."

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