Criador de aves é preso pelo Ibama em Nova Iguaçu por maus-tratos e comércio ilegal
Um criador de aves foi preso nesta semana pelo Ibama em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, durante uma operação que também contou com apoio da Polícia Federal. Segundo os fiscais, havia mais animais no local do que o registrado oficialmente e a maioria deles estava em situação de maus-tratos.
Jean Oberto de Azevedo Oliveira, responsável pelo criadouro no bairro Vila Nova, é autorizado a criar animais silvestres, especialmente aves. Mas, de acordo com o Ibama, as condições encontradas no espaço estavam muito longe das exigidas por lei. Em um dos viveiros, por exemplo, dois papagaios viviam em um espaço de apenas 1,5 metro de comprimento por 70 centímetros de altura e 50 de profundidade, sem possibilidade de voo.
“Encontramos vários animais sem sequer poleiro para se apoiar, o que obriga as aves a ficarem com as patas espalmadas o tempo todo. Isso, para um psitacídeo, é péssimo. E, quando há poleiro, muitas vezes é apenas um, exposto ao sol o dia todo. Esses animais vivem 40, 60 anos, e passariam todo esse tempo nessas condições”, afirmou o analista ambiental Roberto Cabral Borges.
De acordo com o Ibama, Jean declarou ter 214 aves, mas a contagem apontou 240. Muitas delas eram ararajubas com asas cortadas. Também foram encontrados papagaios do Congo e do México — espécies exóticas que não fazem parte da fauna brasileira — sem qualquer documentação de origem.
A fiscalização também apreendeu uma nota fiscal emitida por um pet shop de São Paulo que registrava a venda de uma arara-azul por R$ 1 mil. O valor real da espécie pode ser 30 vezes maior. Para os técnicos, o documento com valor subfaturado indica a prática de comércio ilegal.
“Quando mantém animais sem origem legal, isso demonstra relação com o tráfico de animais silvestres. E comprar de um criadouro comercial não garante que os pais desses animais não estejam sofrendo maus-tratos, muitas vezes passando a vida em gaiolas estéreis, sem poleiro, apenas para produzir ovos”, completou Borges.
Jean foi preso em flagrante por maus-tratos, falsidade ideológica e preenchimento irregular do cadastro do Ibama. Nas redes sociais, ele se apresenta como apaixonado por psitacídeos — família que inclui papagaios, araras e periquitos. A defesa dele não foi localizada pela reportagem.