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Laudos de laboratório investigado por fraude atrasaram tratamento de criança morta após acidente com líquido quente em MT, diz polícia


Laboratório Bioseg, em Cuiabá, na manhã desta sexta-feira (15) após a Operação Contraprova

Bárbara Siviero/TVCA

Uma criança de 5 anos, que morreu após um acidente com líquido quente, passou por exames em laboratórios da rede Bioseg, alvo da Operação Contraprova, nesta sexta-feira (15), que investiga falsificações em laudos em Cuiabá, Sinop e Sorriso, segundo o delegado responsável pelo caso, Rogério da Silva Ferreira.

De acordo com o delegado, a suspeita é de que possíveis falsificações nos exames tenham atrasado o tratamento do menino, o que pode ter agravado o estado de saúde da vítima.

"Ex-funcionários disseram à polícia que todos os exames coletados dessa criança foram falsificados. Ela respirava e alimentava por traqueostomia. As coletas de material dela eram encaminhadas para essa rede de laboratórios, que falsificava os laudos", disse.

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O delegado ressalta que não é possível afirmar uma relação direta entre as falsificações e a morte, mas que o atraso no tratamento pode ter prejudicado a recuperação da criança, que ainda perdeu a voz e a visão antes de morrer, em dezembro de 2024.

Ainda de acordo com o delegado, há o caso de um idoso com problemas de saúde em que um médico desconfiou que os resultados não condiziam com o quadro clínico e pediu a repetição do exame.

A amostra do paciente foi enviada, ao mesmo tempo, para outro laboratório, que emitiu um laudo compatível com o estado de saúde do paciente, confirmando a suspeita inicial do médico de que o exame anterior não era verdadeiro.

Durante a operação, o biomédico Igor Phelipe Gardes Ferraz, que atuava como responsável técnico da rede de laboratórios foi preso preventivamente. As investigações apontaram que as amostras coletadas dos pacientes no laboratório eram descartadas sem análise e os resultados dos laudos eram falsificados.

O g1 entrou em contato com a rede de laboratórios, mas não obteve retorno até esta publicação. A reportagem tenta localizar a defesa de Igor Phelipe.

Biomédico Igor Phelipe Gardes Ferraz, que atuava como responsável técnico na rede de laboratórios Bioseg, foi preso durante a Operação Contraprova.

Reprodução

A operação

A Polícia Civil informou que os resultados dos laudos eram falsificados.

Polícia Civil.

Na ação desta sexta-feira (15), além da prisão, foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas casas dos sócios e nas unidades da empresa, a interdição judicial das três unidades, a suspensão do registro de biomédico do sócio preso, a suspensão de contratos do laboratório com o Poder Público e a proibição dos sócios de contratar com órgãos públicos da União, estados e municípios.

As ordens judiciais foram expedidas pelo Juiz de Garantias de Cuiabá, após manifestação favorável da 24ª Promotoria de Justiça, que estão sendo cumpridas com o apoio de policiais civis das delegacias de Sorriso e de Sinop, além de fiscais da Vigilância Sanitária Municipal de Cuiabá.

Ao final do inquérito, os investigados poderão ser indiciados pelos crimes de estelionato, falsificação de documento particular, peculato e associação criminosa, com penas que podem chegar a até 25 anos de prisão, além de multa.

Rede de laboratórios é investigada por falsificações em laudos em Cuiabá, Sinop e Sorriso

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