Vitória em dose dupla
Mãe de bebês siameses que viajou mais de 670 quilômetros pela floresta amazônica retornou para casa neste domingo (10). A saga de Elizandra Henrique da Costa começou no povoado de Ererê, em Monte Alegre (PA). Grávida de gêmeas, ela atravessou o rio Amazonas até Manaus (AM) em busca de tratamento especializado.
A história foi contada em reportagem do Fantástico, da TV Globo, deste domingo (10)
Elizandra descobriu a gravidez em julho de 2024, mas ela e o marido, Marcos Oliveira, celebraram, preocupados, a notícia: os exames mostraram que as bebês estavam unidas pelo tórax e abdômen. Uma situação complicada para a cidade do interior paraense onde moravam.
Foi então que, ainda grávida, a mulher iniciou uma travessia que durou quatro dias de barco. Na capital amazonense, Elizandra encontrou apoio na maternidade Ana Braga, referência em partos de alto risco pelo SUS. Sua mãe, Eliana Henrique Clemente, se juntou à filha na luta pela vida das netas.
“Seguimos firmes, com fé em Deus que ia dar tudo certo”, disse Elizandra.
A jornada
No dia 9 de abril de 2025, nasceram Eliza Vitória e Yasmin Vitória, por meio de uma cesariana inédita no hospital. Poucas semanas depois, no dia 24 de abril, as quatro embarcaram em uma UTI aérea para Goiânia, onde seriam operadas no Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (HECAD), referência em separação de gêmeos siameses.
A equipe médica pretendia esperar seis meses para a cirurgia, mas Eliza apresentou complicações graves. “Ela quase não fazia xixi e teve um problema respiratório sério”, explicou o cirurgião pediátrico Zacharias Calil. A operação foi antecipada para o dia 13 de maio e durou seis horas, com participação de 20 profissionais.
“Essa piora me chamou muita atenção, e aí discutimos o caso com a equipe, nós temos que separar essas meninas praticamente de urgência, senão nós vamos perder as duas”, disse o médico ao Fantástico.
As meninas compartilhavam o fígado, o pericárdio e até a cavidade cardíaca. Os médicos dividiram os órgãos e separaram os ossos do tórax. A cirurgia foi considerada um sucesso. “Nunca perdi a fé de que elas iam sair com vida do centro cirúrgico e bem recuperadas”, afirmou a mãe, emocionada.
Eliza se recuperou rapidamente, mas Yasmin enfrentou complicações, incluindo uma cardiopatia.
Gêmeas siamesas retornam para casa após cirurgia bem-sucedida
Reprodução Fantástico
Recuperação longa
As gêmeas permaneceram na UTI por dois meses. Durante esse período, Elizandra e Eliana revezavam cadeiras ao lado das bebês. “Faria tudo de novo, só para ver essas coisas lindas sorrindo todo dia”, disse a avó.
A alta hospitalar só aconteceu no dia 9 de agosto, no quarto “mêsversário” das meninas. A equipe do hospital comemorou com bolo, balões e presentes. “Eu sou abençoada por tê-las na minha vida”, disse Elizandra.
Yasmin ainda precisará de cuidados especiais e medicamentos para o coração hipertrofiado.
No dia seguinte, a família retornou para Manaus, onde, Marcos, que ainda não tinha visto as filhas após a cirurgia, recebeu Eliza e Yasmin com emoção. “Melhor presente que um pai pode ter numa data dessas. É muita felicidade!”, disse, ao reencontrar a esposa e conhecer as filhas separadas – justamente, no Dia dos Pais.
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