Noivos denunciam casa de festas que fechou as portas e parou de responder; 40 casais se dizem prejudicados
Cerca de 40 casais que assinaram contrato com a casa de festas Infinity Garden, na Ilha de Guaratiba, denunciam que a empresa parou de responder, deixando os noivos em pânico e sem saber como fazer para concretizar as cerimônias de casamento.
A cerimônia de Júlia e Rafael estava marcada para daqui a um mês — o pacote já está quase todo pago. Mas, há dias, a empresa parou de responder aos clientes.
“Está sendo um pesadelo. A gente chegou a visitar outros espaços hoje e eu simplesmente não consegui acreditar no que está acontecendo! Tem noiva que se casa daqui a duas semanas, tem noiva que se casa semana que vem. A de semana que vem já tem certeza que não vai ter casamento, e a gente não tem noção do que vai acontecer!”, desabafa Júlia Gomes.
Eles não são os únicos. Outros casais também estão sem respostas e buscam alternativas às pressas para não perder a festa.
“Eu senti confiança neles, até porque os donos do grupo Infinity estavam no local. Agora, a reclamação é geral: eles estão entregando o mínimo”, diz Ana Carolina Santana, que se casaria em duas semanas.
“Tive que pegar empréstimo, vender o carro abaixo do valor de mercado para conseguir alugar outro espaço”, acrescenta Eduardo Rezende, noivo de Ana.
Um grupo de mensagens foi criado por noivos afetados. Um dos 40 casais participantes foi informado do cancelamento da festa marcada para a semana que vem. Os demais seguem sem qualquer resposta.
A empresa divulgou uma nota afirmando que encerrou as atividades no espaço por causa de uma decisão de despejo, resultado de uma disputa judicial com a dona do imóvel.
Mas os proprietários do terreno contestam. Afirmam que os locatários não cumpriam cláusulas contratuais nem pagavam os aluguéis — por isso, entraram com uma ação na Justiça. Em junho, foi determinada a saída da Infinity Garden, que recorreu da decisão.
“A gente se sente em risco, porque não temos nenhum contrato com essas pessoas, não fazemos parte da empresa Infinity. A única coisa que queríamos com o processo era evitar que mais pessoas fossem lesadas”, disse Marisol Rodriguez, dona do imóvel.
Além dos casais, fornecedores também relatam prejuízos. Empresas de buffet, bar, som e cerimonial afirmam que não receberam pelos serviços prestados.
“[Estamos] sem receber! Muitos casamentos com promessa de pagamento na semana seguinte, mas já embolava com o da semana vigente, já com débito da semana anterior. Nada foi feito, mandei e-mails desde janeiro até um mês atrás e nem resposta tive”, conta Deisy, responsável por um dos buffets.
“Desde o dia 13 não tive nenhuma satisfação. É um sonho que a pessoa espera muito tempo, paga por dois anos... e a gente faz parte dessa realização”, diz Rafael, fornecedor de serviço de bar.
No último sábado, a equipe do RJ2 tentou contato com a dona da Infinity Garden, usando o celular de uma das noivas, mas não obteve retorno. Nesta segunda-feira (4), depois de vários dias de silêncio, a empresa enviou um comunicado informando que encerrou definitivamente as atividades e não vai realizar reembolsos.
Apesar da decisão judicial, um casamento chegou a acontecer no espaço recentemente — mas nada do que havia sido contratado foi entregue. A noiva precisou recorrer a doações para conseguir flores.
“Não tinha nada, não tinha ninguém, só a equipe de limpeza. Não tinha decoradora, não tinha florista, não tinha DJ. Quando eu vi que só tinha restos do casamento anterior, tive uma crise de choro muito grande... chorei muito”, relatou uma noiva que se casou no último fim de semana.
Para os demais noivos, o sonho da festa perfeita virou incerteza e frustração.
“É realmente um luto. Pela expectativa que a gente viveu aqui e por não ter respostas”, afirma Ana Carolina. “Não desejo pra ninguém o que estamos passando”, completa Eduardo.
O RJ2 perguntou à empresa Infinity Garden se de fato ela não faria o reembolso dos clientes. A empresa informou que pretende realizar os reembolsos, mas não tem condição financeira para quitar os pagamentos de forma imediata e integral. A justificativa é que os clientes solicitaram o estorno ao mesmo tempo, e isso inviabiliza o fluxo de caixa.