Papa Leão XIV na quinta-feira, ao aparecer pela primeira vez na sacada da Basílica de São Pedro
Yara Nardi/File Photo/Reuters
Quando cheguei ao Vaticano para iniciar minha cobertura do conclave em 3 de maio, fui surpreendido ao saber que começava a ganhar força o nome do cardeal americano Robert Francis Prevost como papável.
De imediato, questionei vários cardeais se haveria resistência à eleição de um papa vindo dos Estados Unidos.
Para minha surpresa, um influente prelado fez uma reflexão que seria profética e que definiria a escolha do papa Leão XIV: antes de ser americano, Prevost é um cardeal essencialmente pastoral vindo do coração da América Latina.
Era uma referência ao longo período que Leão XIV passou no Peru, especialmente como bispo de uma diocese periférica do interior do país.
Para além disso, a reflexão estava ligada à experiência universal de Robert Francis Prevost como superior da Ordem dos Agostinianos, viajando o globo para visitar instituições da congregação.
O papa Leão XIV em visita ao santuário de Nossa Senhora do Bom Conselho, em Genazzano
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O sucessor de Francisco
De alguma forma, o papa Francisco estava preparando o seu sucessor. Lógico que ele não teria como indicar o próximo pontífice, mas Francisco poderia formar e promover prelados com perfil mais próximo do que desejava para a Igreja Católica.
Foi o que ocorreu com o agora papa Leão XIV.
Em 2023, depois da longa e intensa jornada pastoral de Prevost no interior do Peru, Francisco surpreendeu a Cúria Romana ao nomeá-lo para o poderoso cargo de prefeito do Dicastério para os Bispos.
Ainda naquele ano, o papa Francisco indicou Prevost como cardeal.
Já com muitos problemas de saúde, Francisco trabalhava opções para sua sucessão. Na reta final, quatro nomes se destacavam como papáveis:
os italianos Pietro Parolin, ex-secretário de Estado do Vaticano, e Pierbattista Pizzaballa, que é o patriarca latino de Jerusalém;
o francês Jean-Marc Aveline, que é um cardeal de Marselha;
e o americano Prevost.
O que foi decisivo para superar a resistência de um papa americano foi a avaliação dos cardeais de que antes de tudo, o papa Leão XIV era um nome universal e da América Latina.
Escolha do nome
Papa explica por que escolheu o nome Leão XIV
O papa Leão XIV explicou que escolheu seu nome papal por seu compromisso com as questões sociais diante dos desafios da nova revolução industrial e da inteligência artificial.
Segundo o papa, o nome reflete seu comprometimento com as causas sociais defendidas por Leão XIII, que durante o século 19, foi um fervoroso defensor dos direitos dos trabalhadores.